sábado, 26 de maio de 2012

NOTAS DE FIM DE SEMANA




DE RELVAS ÀS PARCERIAS PASSANDO PELO PS
1 – AS PSEUDO DIVERGÊNCIAS PS/PSD - Noventa e nove virgula nove por cento dos portugueses não percebe em que é que o PS se distingue do Governo PSD/CDS nas políticas que há mais de um ano estão sendo postas em prática no plano económico e social. O que os portugueses sabem é que em tudo quanto é realmente importante o PS e PSD/CDS estão de acordo. Estão de acordo na fidelidade ao Memorandum da Troika, estão de acordo na política orçamental e estão de acordo na política laboral. E o que os portugueses também sabem é que a ausência de uma oposição forte às políticas do Governo constitui um factor de permanente agravamento da sua situação. Se os partidos de esquerda não conseguem congregar o profundo descontentamento da sociedade portuguesa originado pelas políticas governamentais com o beneplácito do PS, alguma coisa vai ter de acontecer até às próximas eleições para capitalizar toda essa rejeição do grande Bloco Central que corrói a sociedade portuguesa. Para isso será necessário reduzir o PS à insignificância de um PASOK, criando novas vias de acesso ao poder.
2 - RELVAS ENLEADO NAS TEIAS ONDE SE MOVE – Um asno do PSD que ainda há dias garantia que a Grécia não passava de uma ficção inventada a partir de uma província do Império Otomano, voltou ontem à SIC N para defender Relvas igualmente com o argumento de que a campanha em curso contra o Ministro adjunto assenta numa ficção toda ela construída em factos sem consequências. Deixando de lado esta luminária, vai-se tornado cada vez mais evidente aos olhos da grande opinião pública a teia em que Relvas está enredado. Além de ter mentido no Parlamento e de ter no seu Gabinete um jornalista intimamente ligado a Silva Carvalho, Relvas é um homem envolvido com os grandes nomes das “negociatas” que por cá se fazem a partir da proximidade com o poder. E a questão que se põe não é tanto o que nós sabemos de Relvas, nem o que imaginamos ele possa fazer com os amigos que tem, mas o que sabe Passos Coelho e por que razão o lá tem. A imagem tão meticulosamente construída de “homem sério” apenas movido por um fervor ideológico extremista não se quadra muito bem com a intimidade que partilha com o “pragmático” Miguel Relvas, enredado em múltiplos interesses e amizades pouco recomendáveis. Ou o mantém e não escapa às suspeitas que pesam sobre Relvas ou o demite…e terá de ficar de olho nele…
3 - AS PARCERIAS PÚBLICO PRIVADAS – Estão a decorrer no Parlamento as audições da Comissão de Inquérito às Parcerias Público-Privadas, tendo ontem sido ouvido o Juiz Conselheiro reformado do Tribunal de Contas, Carlos Moreno, que já havia há cerca de um ano publicado um livro sobre o assunto. O “negócio” das parcerias está mais que explicado – é uma grande vigarice inventada pelo PS e pelo PSD para extorquir dinheiro do Estado. Dinheiro que alimentou e alimenta as grandes empresas da construção civil e os bancos, mas que que alimentou também os partidos que as negociaram e, como sempre acontece, o “transportador” desse dinheiro para os partidos. A esquerda pode fazer várias denúncias, pode até imputar alguns factos a certas pessoas, que antecipadamente se sabe quem são, mas não vai conseguir reverter a actual situação nem introduzir naqueles famigerados “negócios” as alterações que se impõem em virtude da inevitável barragem que o PS e o PSD, não obstante as aparentes divergências, farão a tudo quanto seja realmente substantivo com base numa fraseologia cuja utilização antecipadamente se conhece – Estado de direito, pacta sunt servanda e outras máximas jurídicas hipocritamente lançadas para a discussão para que tudo fique na mesma ou quase. Esta comissão pode até ter efeitos perversos, ajudando a consolidar uma situação que agora é política e juridicamente insustentável. Por isso, o que a esquerda deveria fazer quanto antes ou logo que a ocasião se proporcionasse era apresentar autonomamente as suas conclusões e a proposta de revisão do actual estado de coisas assente numa ideia muito simples: revisão soberana dos contratos pelo Estado, com base nos princípios gerais de direito da repartição do risco e do lucro justo, entrando em linha de conta com tudo o que já foi pago indevidamente.

1 comentário:

Anónimo disse...

"O “negócio” das parcerias está mais que explicado- ....", pois está mas:

-Os portugueses estão-se nas tintas para a ladroagem com ou sem vestes contratuais/legais, até porque muitas das "obras" foram apresentadas sob a capa da justiça para com os transmontanos, os beirões os algarvios etc.
-Há para aí muita gente para quem nem por isso os indígenas são culpados, até nisso a culpa cabe inteira às teias do capitalismo global e, mais recentemente, ao ressuscitado hegemonsmo alemão. Com certeza que foi a Merkell que tratou da vidinha do Coelho, do Amaral, (só para falar em dois bombos da festa)
lg