OS NOSSOS COMENTADORES
Há relativamente a Obama, quatro tipos de atitudes, muito desigualmente reflectidas na prosa dos nossos comentadores.
Uma das mais ouvidas e lidas é a daqueles que acham que, no essencial, nada mudará e que a política de Bush, com mais coisa menos coisa, é para manter. Sempre que confrontados com factos já visíveis nestes escassos dias de governação, limitam-se a comentar:” Era o mínimo que se poderia esperar”. No fundo, é uma forma de desvalorizar o que vai sendo feito, com a secreta esperança de que tudo acabe por ficar na mesma.
Depois, há uma outra atitude que é a daqueles que não acreditam em mudanças, posto que por razões diametralmente opostas da anterior. A mudança, a existir, obrigaria a uma alteração de discurso e ao reconhecimento de que da América também pode vir algo de positivo. Por isso, para manter os estereótipos habituais, o mais prático é assegurar que não haverá grandes alterações na política americana, pelo menos em política externa, concedendo, contrariados, que algo, não muito significativo, pode mudar na política interna.
Em terceiro lugar, surgem os incondicionais de Obama, tão incondicionais que às vezes, inconscientemente, até chegam a supor que falam em seu nome. Estão eufóricos, dizem: “Esta é a minha América”; e acreditam que um novo estado-guia emergirá do outro lado do atlântico para indicar o caminho iluminado a todos os povos do mundo, e, antes de mais, aos europeus.
Finalmente, há os que acreditam que Obama é um homem diferente dos que costumam assumir o poder, tanto na América, como em qualquer outra parte do mundo. A sua capacidade para deixar uma marca geracional vai depender do modo como conseguir reagir e contornar as mil e uma adversidades que pela ordem natural das coisas ou por perfídia serão semeadas no seu caminho. Se rapidamente se deixar “enquadrar pela realidade”, se não conseguir resistir às “réplicas do sistema”, se claudicar perante as primeiras grandes dificuldades, a sua presidência apenas ficará marcada por mais uma boa vontade que a força demolidora do sistema impediu de levar à prática.
As notícias que diariamente nos chegam, acalentam alguma esperança: o encerramento de Guantánamo e de todas as prisões da CIA no exterior, bem como a proibição da tortura; as palavras proferidas sobre o conflito na Palestina e a nomeação de George Mitchell como enviado para o Médio Oriente, representam uma grande mudança relativamente à situação anterior.
1 comentário:
Claro que há que ter esperança!
Não podemos passar a vida a desconfiar.... apesar das razões de sobeja!
Homens houve que fizeram história para o bem contra ventos e tempestades1
Precisamos de referencias positivas,por isso há que esperar com sorriso!
Pelo que se passa cá dentro, é para carpir!
Um abração
Enviar um comentário