O FUTURO, POR DEFINIÇÃO, NÃO SE ANTECIPA, EMBORA SE PREPARE
Diariamente, os guardiões da ortodoxia neoliberal vão anunciando as suas previsões sobre as consequências da crise económico-financeira.
A “doença” das previsões atinge tais proporções que ainda há bem pouco tempo um dos “magos” da nossa economia – que infelizmente ainda não pode pôr à prova as suas capacidades por ter desertado na hora da verdade – se esforçava em demonstrar que todos, e não apenas os economistas, se enganam muitas vezes nas suas previsões. E dava alguns exemplos pueris para comprovar a verdade das suas asserções.
Os bancos centrais fazem previsões demolidoras sobre o que se vai passar; a Comissão Europeia também nunca perde a oportunidade de agravar os maus presságios do que irá acontecer; as instituições financeiras internacionais ou as de cooperação económica parecem desfrutar de um prazer sádico sempre que anunciam um futuro tão ruinoso que até seja capaz de degradar o presente; finalmente, as oposições, principalmente as que contam ser governo, recebem com redobrada alegria qualquer anúncio de agravamento da situação económica futura.
Os governos, por definição, nomeadamente se estão para lá do meio da legislatura, por mais que se esforcem, não conseguem deixar de exterioriza alguma culpa pelo que se está a passar, embora, sempre que podem, imputem essas responsabilidades a terceiros indefinidos.
O mais espantoso desta crise é que todos os arautos institucionais da desgraça falam como se nada tivessem a ver com o que se está passar. Como se o que aconteceu fosse obra de uma fatalidade inevitável. Infelizmente, parece não haver quem seja capaz de liderar uma luta que ponha cobro a este estado de coisas. Parece não haver forças políticas capazes de pôr em causa as tais"verdades" que nos enganam e que continuam presentes e prontas para de novo se aplicarem mal a situação melhore um pouco.
Muito mais importante do que prever o futuro, que por definição não se antecipa, é compreender o presente, porque somente uma inteligente compreensão do presente pode ajudar a preparar o futuro.
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