COMO AS COISAS SE PASSAM
Um grande amigo meu, infelizmente já falecido, denunciou publicamente as graves irregularidades de que teve conhecimento numa autarquia em que desempenhava as funções de presidente da assembleia municipal. Como as denúncias caíram em “saco roto” no partido a que pertencia, decidiu demitir-se daquele cargo.
Manteve-se, porém, no partido, embora o partido nunca mais o tivesse tratado da mesma maneira, tanto assim que, nas últimas eleições legislativas a que concorreu, foi colocado numa posição muito recuada da lista, não tendo, por isso, sido eleito.
Como esse meu amigo era um grande lutador e homem de boa fé, tempos mais tarde, começou a pôr a hipótese de se candidatar à chefia de uma importante organização regional desse partido. Era uma forma de marcar a sua presença e, enfim, de tentar obter o reconhecimento daqueles que, dentro do partido, não contemporizavam com práticas ilícitas. Tinha ele acabado de inventariar numa conversa que tinha tido comigo, e com outro amigo comum, os apoios com que poderia contar, passou por nós, num acto público, uma conhecida personalidade desse partido, que lhe disse. “Preciso de falar consigo”.
Tanto eu como o dito amigo comum logo supusemos que a dita personalidade, tendo tido conhecimento da intenção de candidatura, lhe quereria propor qualquer tipo de acordo para o apoiar, tanto mais que a dita personalidade era e é, de certo modo, não alinhada, com ambições próprias, porventura muito exageradas para a sua capacidade política, como se tem visto.
Cerca de uma semana depois, no almoço semanal que sempre fazíamos, era muita a nossa curiosidade em saber se a dita personalidade lhe tinha assegurado o seu apoio…e a que preço. O meu amigo olhou para nós, com aquele ar decepcionado de quem tinha mais uma vez sido enganado pela vida, e disse-nos: “Sabem o que é que ele queria? Imaginam o que é que ele tinha para me dizer? Censurar asperamente o meu comportamento como presidente da assembleia municipal…”
Cerca de dois meses mais tarde, o meu amigo, já muito doente sem o saber, morreu. A dita personalidade “dissidente”, dois anos depois, perdeu mais uma eleição autárquica quando tentava relançar a sua carreira noutra autarquia do país e, mais tarde ainda, numa eleição legislativa em que o chefe tinha necessidade de demonstrar algum espírito de abertura, foi por ele escolhido para encabeçar uma lista. O responsável pela autarquia denunciada acabou por ser condenado por alguns dos crimes por que foi acusado…
Um grande amigo meu, infelizmente já falecido, denunciou publicamente as graves irregularidades de que teve conhecimento numa autarquia em que desempenhava as funções de presidente da assembleia municipal. Como as denúncias caíram em “saco roto” no partido a que pertencia, decidiu demitir-se daquele cargo.
Manteve-se, porém, no partido, embora o partido nunca mais o tivesse tratado da mesma maneira, tanto assim que, nas últimas eleições legislativas a que concorreu, foi colocado numa posição muito recuada da lista, não tendo, por isso, sido eleito.
Como esse meu amigo era um grande lutador e homem de boa fé, tempos mais tarde, começou a pôr a hipótese de se candidatar à chefia de uma importante organização regional desse partido. Era uma forma de marcar a sua presença e, enfim, de tentar obter o reconhecimento daqueles que, dentro do partido, não contemporizavam com práticas ilícitas. Tinha ele acabado de inventariar numa conversa que tinha tido comigo, e com outro amigo comum, os apoios com que poderia contar, passou por nós, num acto público, uma conhecida personalidade desse partido, que lhe disse. “Preciso de falar consigo”.
Tanto eu como o dito amigo comum logo supusemos que a dita personalidade, tendo tido conhecimento da intenção de candidatura, lhe quereria propor qualquer tipo de acordo para o apoiar, tanto mais que a dita personalidade era e é, de certo modo, não alinhada, com ambições próprias, porventura muito exageradas para a sua capacidade política, como se tem visto.
Cerca de uma semana depois, no almoço semanal que sempre fazíamos, era muita a nossa curiosidade em saber se a dita personalidade lhe tinha assegurado o seu apoio…e a que preço. O meu amigo olhou para nós, com aquele ar decepcionado de quem tinha mais uma vez sido enganado pela vida, e disse-nos: “Sabem o que é que ele queria? Imaginam o que é que ele tinha para me dizer? Censurar asperamente o meu comportamento como presidente da assembleia municipal…”
Cerca de dois meses mais tarde, o meu amigo, já muito doente sem o saber, morreu. A dita personalidade “dissidente”, dois anos depois, perdeu mais uma eleição autárquica quando tentava relançar a sua carreira noutra autarquia do país e, mais tarde ainda, numa eleição legislativa em que o chefe tinha necessidade de demonstrar algum espírito de abertura, foi por ele escolhido para encabeçar uma lista. O responsável pela autarquia denunciada acabou por ser condenado por alguns dos crimes por que foi acusado…
4 comentários:
Caro Correia Pinto:
Por que não referir os nomes? Pelo menos o do Barros Moura,com a integridade que o caracterizava.
Faz falta, o IBM.
Só o conheci tarde, numa época complicada de discussões tesas entre MDP e dissidentes do PCP. Fiquei com triste ideia de muitos que não vou agora nomear, até um recente ex-ministro e principalmente um administrador de empresas espanholas. Mas fiquei sempre a pensar, com estima, na posição desconfortável, em relação às atitudes dos seus amigos, do Barros Moura.
Sim, claro. O meu Amigo é o Barros Moura. Toda a gente o identifica. E a Câmara também é facilmente identificável. A "personalidade" pretensamente dissidente é que deixo à vossa argúcia.
CP
É o João Soares a "personalidade" dissidente? Acertei?
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