segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A ENTREVISTA DE FREITAS DO AMARAL AO DN DE DOMINGO

A DESILUÇÃO DE QUEM JÁ SERVIU SOB O MESMO TECTO…

A entrevista de Freitas do Amaral ao DN do último domingo é, na minha interpretação, um imenso e dolorido requiem sobre actual fase do regime democrático saído do 25 de Abril, especialmente marcada pela desilusão com que o entrevistado acompanha a descredibilização das instituições e a lenta dissolução do Estado de direito democrático.
Um abismo separa aquele Freitas do Amaral que no início do ano foi à televisão defender José Sócrates no caso Freeport, com base em argumentos jurídicos óbvios, daquele que agora nos fala sobre as redes tentaculares que apoiadas nos dois maiores partidos vão minando sem escrúpulos a democracia portuguesa.
A esta constatação, evidenciada pelo assalto ao BPN e pelo processo Face Oculta e pela permanente promiscuidade entre a política e os negócios, junta-se um Presidente da República que não está à altura do lugar que ocupa, um Parlamento subserviente aos partidos que o elegeu e uma magistratura que, confrontada com dificuldades diversas, se esconde ou não responde de forma a dissipar as preocupações dos portugueses.
Um espectro de fim de ciclo paira sobra a sociedade portuguesa. Nenhum antídoto lhe pode ser ministrado do exterior. A União Europeia, hoje ela própria dissolvida em 27 Estados muitíssimo diferentes, em instituições burocratizadas e em líderes menores, já não constitui, pela extrema diversidade dos seus componentes, uma imagem de marca para ninguém, nem ela própria está em condições de impor padrões de conduta que vão para além da defesa da regularidade formal dos princípios neoliberais.
Restam as forças internas…muito desmoralizadas pela sensação de “beco sem saída”…

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