quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

BANCOS PORTUGUESES NÃO TÊM "ACTIVOS TÓXICOS", DIZ MINISTRO DAS FINAÇAS


A DISCUSSÃO EM BRUXELAS

Teve ontem lugar em Bruxelas, no conselho ECO-FIN, a discussão sobre a “recapitalização” dos bancos pela via da criação dos “Bad Banks”, a decidir na próxima cimeira de fins de Fevereiro.
Entre o salve-se-quem-puder e uma posição coordenada, embora recorrendo aos piores meios (como aqui tem sido denunciado), parece ter prevalecido uma posição intermédia, que aponta no seguinte sentido:
Em primeiro lugar, não haverá um “Bad Bank”europeu, atenta a disparidades de situações entre os diversos bancos;
Em segundo lugar, cada país poderá optar entre os Bad Banks e as garantias para os ditos “produtos tóxicos”.
Há, contudo, várias dificuldades que subsistem:
A primeira grande dificuldade parece estar na definição de “activos tóxicos”. São apenas os que estão directa ou indirectamente ligados ao subprime ou são todos e quaisquer créditos incobráveis ou de difícil cobrança?
A segunda tem a ver com a distorção das regras da concorrência. Alguns países temem que os bancos que não têm de recorrer a ajudas, por não terem “activos tóxicos” ou por não estarem exageradamente expostos aos seus efeitos, acabem, por força daquelas medidas, por ficar em pior situação do que aqueles que agora estão mal.
Depois, que valor atribuir a esses “activos”: O valor de mercado, o valor de balanço ou o valor que tinham antes da crise?
Finalmente, que encargos resultam desta operação para os bancos? Ou fica tudo a cargo dos contribuintes?
A Comissão vai apresentar um conjunto de propostas nas próximas semanas com vista à harmonização dos procedimentos e à busca de um acordo que ainda não existe.
O ministro das Finanças português declarou em Bruxelas que os bancos portugueses não tinham problemas desta natureza. O mesmo disse Pedro Solbes, em relação a Espanha.
Mas, se é assim, por que não há crédito? Porque os bancos têm uma maior aversão ao risco, em tempo de crise, diz o ministro das Finanças.
Como não é aceitável que a maior parte do risco continue a recair sobre a CGD, que, segundo o PM, já aumentou em cerca de 20% os seus níveis de concessão de crédito, o Governo vai ter de tomar outras medidas. E não se vê que outras soluções possa o Governo encontrar senão as que passam pela nacionalização do sistema bancário. É preferível uma actuação “sistémica” do que intervenções pontuais e parcelares, altamente dispendiosas, destinadas a salvar bancos falidos.

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