A CRIAÇÃO DOS "BAD BANKS"
Já aqui abordámos a questão da contracção do crédito bancário, seus efeitos sobre a economia e papel do Estado na presente conjuntura.
Hoje à noite os ministros da zona euro estão a discutir o assunto que amanhã prosseguirá a vinte e sete. Uma das propostas que está em cima da mesa é a criação dos chamados Bad Banks.
A ideia parece muito simples: os bancos não emprestam porque não confiam no mercado, a começar neles próprios. E não confiam, porque ainda não limparam dos seus activos os eufemísticamente chamados “activos tóxicos” (expressão repugnante, já que intoxicados estavam aqueles que criaram esses activos e não propriamente estes), que podem, segundo as contas de Bruxelas, atingir os 300 mil milhões de dólares.
Essa “limpeza” ainda não foi feita, porque os bancos querem ter a certeza de que se trata de valores perdidos. Todavia, quanto mais esperam mais se agrava a possibilidade de novos activos se deteriorarem. E, então, qual a “genial” ideia para resolver o problema? Agregar a cada banco um outro banco, a cargo do Estado, ou criar em cada país um banco, igualmente a cargo do Estado, para onde serão transferidos todos esses “activos”. Os mais pudicos aceitam que o Estado intervenha sobre a forma de seguro de crédito.
Estes bancos agregadores, bad banks, seriam geridos pelo Estado que suportaria os prejuízos da incobrabilidade dos activos, ou o lucro, dizem os autores da proposta, da sua eventual valorização quando a crise passasse. Os bancos “sãos”, livres desta trapalhada que enreda o seu negócio, poderiam novamente emprestar dinheiro e contribuir para o relançamento da economia.
Estas propostas poderão ser apresentadas na reunião de amanhã por um representante da chamada “esquerda vendida”, Joaquim Almunia (ver post infra sobre Roberto Mangabeira).
O espantoso não é que a proposta seja apresentada por um comissário oriundo da social-democracia. Espantoso é que as pessoas que advogam esta solução não sejam metidas na cadeia por tentativa de assalto à mão armada do poder de decidir sobre o contribuinte indefeso!
Sem comentários:
Enviar um comentário