quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A FALÊNCIA DO SISTEMA


A INCAPACIDADE DE PÔR COBRO À CRISE

A maior parte dos economistas tem muita dificuldade em formular perguntas. Em formular as perguntas certas. Essa incapacidade está directamente relacionada com a ausência de respostas ou com a rejeição delas. Os economistas estão habituados a funcionar dentro do sistema, cuja matriz não discutem e que tomaram por imutável. Até há bem pouco tempo tinham apenas que se preocupar com as respostas de ordem prática exigidas pelo acompanhamento da actividade económica. A partir de agora tudo é diferente, porque são os elementos constantes do sistema que se alteram, às vezes imprevisivelmente.
No momento em que tudo entra em crise: os bancos, as empresas, os Estados, a tentação compreensível de todos eles é saber que medidas adoptar para restaurar o sistema. Só que o sistema teima em não se deixar restaurar. Há no ar qualquer coisa de não retorno. Os planos de resgate dos bancos não funcionaram; os programas de estímulo à economia não conseguem parar as falências e o desemprego; o endividamento cresce por todo lado e cada vez fica mais caro pagar o que se deve; e, finalmente, são os próprios Estados que ameaçam abrir falência e cair na bancarrota, inclusive aqueles que estavam ancorados a moedas mais fortes.
Será necessário que tudo se desmorone para que as perguntas adequadas sejam feitas? Ou será que cada civilização somente é capaz de formular os problemas relativos a questões que está em condições de resolver?
Uma coisa parece cada vez mais certa: os gestores do capitalismo (políticos, empresários, intelectuais orgânicos do sistema) revelam-se cada vez mais incapazes de pôr cobro à crise. E não se trata de uma questão de liderança. Trata-se de uma questão de paradigma.
O economista do capitalismo falido nunca conseguirá reverter a situação enquanto for apenas capaz de dizer que as pessoas, as famílias, as empresas ou os Estado se endividaram acima das suas posses. É que esta aparente constatação assenta num erro básico fundamental: a de que o sistema, melhor dizendo, o mercado é racional. E o que esta crise exuberantemente demonstrou é que não é. O sistema busca insaciável e irracionalmente o lucro animado por uma pulsão destrutiva irresistível.
Para sair da crise é preciso saber responder a uma questão bem mais difícil de formular, pelas inevitáveis consequências que a sua resposta acarreta: por que razão se endividaram as pessoas, as famílias, as empresas, os Estados acima das suas posses?
E a partir daqui será certamente mais fácil encontrar as demais respostas…

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