quinta-feira, 4 de setembro de 2008

AS ELEIÇÕES EM ANGOLA

A RECUSA DE VISTOS À IMPRENSA HOSTIL

Vai um grande alarido na SIC e Companhia (a companhia é o Expresso, o Público e a Visão) por o Governo angolano não ter concedido vistos aos jornalistas daqueles meios de comunicação social para cobrirem as eleições de amanhã.
Conceder ou não conceder vistos é atributo de soberania. Ninguém tem de se admirar por um país não conceder visto a um estrangeiro. Lembro alguns casos paradigmáticos: as democratíssimas Holanda, Bélgica, França, Itália, Reino Unido, entre outros, não concederam, por mais de uma vez, visto a Humberto Delgado para visitar os respectivos países. Delgado, se lá quis ir, teve de o fazer com passaporte falso e sujeitar-se a ser preso. E o interesse “nacional” desses países era o de proteger a ditadura salazarista!
Há no mundo actualmente algum país que levante mais obstáculos à concessão de vistos que os Estados Unidos? Mais: violam vários e importantes direitos, com a cumplicidade activa de todos os países da União Europeia, sempre que alguém lá quer ir a partir de um país da UE.
E ninguém protesta, nem se fazem mesas redondas sobre o assunto.
Os órgãos de comunicação acima referidos desenvolvem desde sempre uma linha editorial hostil a Angola. Muitas e muitas vezes caluniosa. Deturpam frequentemente a verdade dos factos e estão, como em tantos outros domínios, cheios de ideias pré-concebidas. Ainda muito recentemente alguns deles deram azo a que nos seus respectivos espaços se cometessem crimes (sim, crimes: a calúnia, a injúria, etc. são crimes) contra várias personalidades angolanas.
Provavelmente, se fossem a Angola, seriam incomodados. Não, certamente, por falsearem a realidade; não, seguramente, por não aceitarem a independência de Angola; não, verdadeiramente, por não terem ainda digerido a derrota de Savimbi; mas, muito provavelmente, por razões semelhantes às acima referidas.
É, por isso, do interesse comum, de Angola e de Portugal, que eles lá não vão. Sem hipocrisias: como Portugal não os poderia impedir, acaba por ser positivo que Angola o tenha feito

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