OU A FORÇA DO PODER IDEOLÓGICO
John McCain, filho de uma família de militares, nascido na Zona do Canal do Panamá, cedo seguiu também a carreira militar, tendo participado na Guerra do Vietname como piloto aviador da marinha. No Vietname participou activamente na agressão desencadeada pelos norte-americanos contra o Vietname do Norte, nos famosos bombardeamentos a alvos civis, com napalm, tendo o seu avião sido derrubado quando o agora candidato à presidência dos Estados Unidos executava a sua 23.ª missão.
Atingido o avião que pilotava, McCain conseguiu salvar-se, ejectando-se em pára-quedas, que acabou por aterrar no lago Truc Bach. Quando se aproximava da margem, ferido nos braços e numa perna, foi capturado por civis norte-vietnamitas.
Tratado, pelos vietnamitas, no hospital nas 6 semanas seguintes, McCain esteve preso durante 5 anos. Logo após a prisão, os vietnamitas, tendo tido conhecimento de que o prisioneiro era filho do oficial general que então comandava o Pacífico, propuseram a sua libertação, mas McCain recusou-a, caso a medida se não estendesse a todos os prisioneiros.
Durante o tempo de prisão, chegou a confessar nos interrogatórios que cometera crimes de guerra, mas, posteriormente, negou-se a reconhecer outras incriminações.
Bertrand Russel na análise que fez da guerra do Vietname considerou-a uma guerra racista. Uma guerra onde as atrocidades que se cometiam contra os civis só eram possíveis porque aqueles que as sofriam eram considerados um povo inferior. Seja assim ou não, a verdade é que o ódio das populações civis durante a guerra do Vietname era fundamentalmente dirigido contra os ataques assassinos da aviação americana. Evidentemente, que no sul também havia massacres, como os de Mai Lai, e outros dirigidos contra populações civis. Todavia, o combate era mais nobre. A infantaria americana aerotransportada tinha de ir ao objectivo e sofria nessas suas incursões seriíssimos reveses. Nada disto se passava no Norte. Para as populações do Norte, a guerra movida pelos americanos era uma guerra covarde. Por isso, todo o mundo se comovia com o sofrimento dos vietnamitas e enaltecia a nobreza de carácter das suas populações por pura e simplesmente não liquidarem sumariamente os pilotos derrubados.
Numa guerra injusta e cruel, o povo vietnamita deu ao mundo uma grande lição de heroicidade. E por isso saiu vencedor, derrotando a potência mais poderosa alguma vez existente à superfície da terra.
McCain, como tantos outros que participaram em guerras semelhantes, como é o caso das guerras coloniais da segunda metade do séc. XX, foi capturado em combate e tratado como prisioneiro de guerra. Acabou por ser libertado, sem ser julgado, no fim da guerra. Quantos vietnamitas nas mesmas condições se poderão vangloriar de idêntico fim?
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