quarta-feira, 24 de setembro de 2008

OS OBJECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÉNIO

A REDUÇÃO DA POBREZA NO MUNDO

O Público de hoje publica uma carta de João Cravinho, Secretário de Estado da Cooperação e do seu homólogo da Inglaterra (hoje chamado Reino Unido, embora nesta, como em muitas outras matérias, o que verdadeiramente interessa é o que os ingleses pensam), sobre os objectivos do milénio, cujo principal é, como se sabe, a redução da pobreza no mundo.
Devo confessar que não tive paciência para a ler, por razões muito óbvias: em primeiro lugar, a Inglaterra é o país que mais pobres historicamente fez no mundo e a pobreza nunca foi uma preocupação da Velha Albion. A sua preocupação historicamente documentada sempre foi, e continua a ser, o lucro. Ainda recentemente, a Inglaterra foi, no quadro comunitário, o grande paladino da imposição (disfarçada sob a forma de acordo) das doutrinas neoliberais aos países em desenvolvimento. Obrigaram-nos a aceitar um modelo económico desastroso, responsável pela destruição das economias nascentes, despudoradamente aberto às fortes economias do Norte, destruidor das economias de subsistência, que empurrou as populações para as grandes cidades e que espalhou a fome e a miséria por toda a África.
Por outro lado, confirmou-se agora o que as pessoas avisadas já sabiam quando se fixaram os objectivos do milénio: um exercício de grande demagogia em que a maior parte das promessas não iria ser cumprida. Enfim, Cravinho não poderia ter escolhido pior companhia, nem tema mais vulnerável.
ADITAMENTO

Alguns amigos, próximos do sector, fizeram-me chegar pessoalmente o comentário a este post, criticando a incidência exclusiva dos meus remoques no governante inglês. Pensei que tinha suficientemente claro. Vou-me redimir, incluindo no aditamento o que supus se depreenderia da peça principal: “Diz-me com quem andas...”.

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