O HOMEM NOVO COMEÇA MAL
Carlos Queirós, o homem novo do cavaquismo dos idos de oitenta/noventa, perdeu o primeiro jogo a sério da selecção portuguesa. Enquanto o homem novo de Stalin, Stakanovich, como personalidade física, relevava do domínio da ficção, como mais tarde se veio a apurar (não obstante o “Homem de mármore”, de Andrzej Wajda), o homem novo de Cavaco era uma realidade bem palpável com a qual agora temos de nos defrontar.
Queirós perdeu, como já em muitas outras ocasiões importantes tinha acontecido, tanto no Sporting e Real Madrid, como na selecção portuguesa ou sul-africana. Queirós é uma espécie de Freitas do Amaral do futebol. A derrota surge, depois de teórica e cientificamente estar assegurada a vitória.
Queirós tem, porém, boa imprensa. Pelo que ouvi, a derrota foi imerecida, foi azar. Nada mais enganador. A Dinamarca jogou bem durante todo o jogo, nunca se deu por vencida e, como os seus jogadores são técnica e animicamente superiores, não falharam nos momentos decisivos.
Essa conversa dos comentadores portugueses insistindo na superioridade técnica dos nossos jogadores é uma pura falácia. Com excepção de Deco, realmente um extraordinário jogador, os demais falham frequentemente por falta de técnica. Basta comparar o desempenho dos nossos jogadores no momento do remate com a classe e a superioridade técnica com que foi marcado o primeiro golo da Dinamarca. E ainda a pujança física expressa no segundo. Portugal, pelo contrário, marcou um golo partindo de uma posição off-side e um outro de penalty, que tanto poderia ter sido marcado como não.
Sofrer três golos a cinco minutos do fim não abona nada a favor da equipa nem de quem a dirige.
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