quarta-feira, 11 de março de 2009

ALEGRE VÍTIMA DA SUA PRÓPRIA "ESTRATÉGIA"

E AGORA, O QUE LHE RESTA?
Não há dúvida de que o discurso do PS em relação a Alegre mudou. Mais tarde ou mais cedo teria de acontecer, era apenas uma questão de tempo. Sócrates pode não ter lido os clássicos e pode não conhecer em pormenor as cisões, divergências e outras minudências que acompanham certa gente de esquerda no seu relacionamento com outra gente de esquerda, mas depressa compreendeu que Alegre caminhava para um beco sem saída. Por isso, deixou-o ir, deixou-o seguir o seu caminho. Aqui e além ainda vestiu a pele de bom samaritano, para partido ver, certo de que quanto mais condescendente fosse com Alegre mais ele se afastaria. E assim aconteceu.
Os “profissionais da política” logo que perceberam que Alegre, na sua contestação ao partido, não actuava em consonância com uma estratégia previamente traçada, mas antes subordinado a uma espécie de apelo moral, ditado por uma consciência de esquerda, que, se não se basta com o simples facto de se manifestar contra, fica, pelo menos, consideravelmente apaziguada.
Hoje, a ideia com que se fica é a de que Alegre, politicamente, está muito só. Dificilmente o Bloco o aceitará como independente nas suas listas, a menos que seja num distrito por onde não meteu ninguém. Mesmo assim, a inclusão de Alegre nas listas do Bloco causaria turbulência. Por outro lado, a possibilidade de Alegre arrancar com um partido é quase nula. Alegre não é um organizador e a colaboração de Roseta para esse efeito é insuficiente. Toda a gente do aparelho, ou não, que há quatro anos o apoiou, no PS, contra Sócrates, está hoje, mais do que nunca, com o secretário-geral. E não havendo a possibilidade de candidaturas à Assembleia da República promovidas por grupos independentes de cidadãos, as hipóteses de Alegre são quase nulas.
Quanto à Presidência…Bem, ninguém em Portugal, à esquerda, lá chega sem o apoio do PS.
Como se vê, o que está a passar-se não anda muito longe do que prevíramos aquando da realização do Forum das Esquerdas.

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