LEMBRANÇAS DE OUTROS TEMPOS
A expulsão do PCP ou o seu abandono por vários militantes nos idos de 90 constituiu para muitos deles uma rotura traumática, de difícil cicatrização, que se prolongou por um tempo superior ao que eles próprios desejariam.
Nas reuniões de grupos “alternativos” que entretanto se foram formando era frequente ouvi-los falar longamente do seu relacionamento com o PCP, fazendo uma espécie de catarse pública, porventura necessária para se libertarem de uma ligação que teimava em não os abandonar.
E alguns iam também dando conta de contactos que entretanto iam tendo lugar, principalmente com gente do PS, que deles se abeirava para conhecer um pouco melhor as causas do afastamento. Foi então que um desses ex-militantes do PCP, hoje quadro importante do PS, com responsabilidades executivas, contou a seguinte história:
“Imaginem vocês que a “malta” do PS lá minha terra (uma importante capital de distrito), me convidou para ir à sede distrital, lugar onde eu nunca tinha entrado antes. Mostraram-me as instalações, onde não estava quase ninguém, tudo com aquele ar de pouca frequência habitual, mas o que eu achei mais interessante foi o grande letreiro que havia por cima do balcão do bar. Sabem o que dizia? AQUI É PROIBIDO DISCUTIR POLÍTICA!”
2 comentários:
Palpita-me que esse ex-PC é um excelente contador de histórias.
Nas sedes e na vida do PS, há infeizmente inúmeros aspectos defeituosos, mas entre eles não se encontra o de haver limitações à discussão política.
A não ser que se tratasse de uma brincadeira: no PS pode não haver eficácia, mas há boa disposução.
Diga-se , aliás, que dos notáveis que vieram do PCP para as nossas fileiras, com algumas honrosas excepções, quase todos são situacionistas empedernidos, bem colados à ala direita do partido.
Provavelmente será o caso. Mas que a história é verdadeira (isto é, que foi contada), isso juro. E havia testemunhas, infelizmente nem todas vivas.
JM C Pinto
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