A LIÇÃO DOS CLÁSSICOS
“Amicus certus in re incerta cernitur”.
Cícero dedicou a sua obra De amicitia, ao seu companheiro dos tempos de estudante, Tito Pompónio Ático, herdeiro de uma notável fortuna, desde muito cedo retirado em Atenas, onde viveu largos anos alheio às intrigas e vicissitudes da política romana.
O livro de Cícero toma por referência dois episódios inspiradores. Um deles é o diálogo havido entre Laelius e os seus genros, Quinto Múcio Cévola e Gaio Fânio, por ocasião da morte do seu grande amigo, Cipião Emiliano, o Africano; o outro é o momento em que Cícero teve conhecimento daquela grande amizade, exactamente quando na casa de Quinto Múcio Cévola, seu mestre, se comentavam as graves divergências políticas que levaram ao rompimento de dois grandes velhos amigos, Públio Sulpício Rufo e Quinto Pompeio.
A amizade entre Gaio Laelius e Cipião Emiliano tinha raízes muito antigas. Remontava à juventude de ambos, à formação, interesses e ideais que partilhavam desde então.
Vale a pena atentar nos três aspectos fundamentais sobre que Laelius dissertou, a propósito da sua amizade com Cipião Emiliano: 1) o conceito de amizade; 2) a sua natureza e origem; 3) a sua conservação.
A amizade é algo a que somente podem aspirar os homens de bem, aqueles que são dotados das virtudes fundamentais da urbe romana: a fidelidade, a integridade, o sentido da justiça, a liberalidade e a constância. Com base neste fundamento moral, Laelius dá-nos um conceito de amizade capaz de envolver toda a actividade humana, já que ela pressupõe uma plena e afectiva concordância em matéria religiosa, moral e política.
A amizade não tem a sua origem numa qualquer vantagem ou utilidade de que tenhamos necessidade, mas resulta antes de uma irresistível inclinação pelo brilho de alguma virtude que descobrimos no nosso semelhante. A amizade traz vantagens e benefícios incalculáveis, mas esses serão sempre uma consequência e nunca a sua causa. A imutabilidade da amizade decorre da imutabilidade das virtudes que nos atraíram e seduziram.
Finalmente, que regras ou que conselhos para a preservar e fomentar? O grande perigo que ameaça a amizade é a inveja e as rivalidades. Laelius faz recomendações negativas e positivas para preservar a amizade. Entre as negativas: não se pedir a um amigo nada que seja desonesto. Entre as positivas: trocar favores honestos; aconselhamento franco; e advertência com firmeza e afabilidade.
Decorre de todo o texto de Cícero uma preocupação: a escolha dos amigos deve assentar em virtudes – firmeza, estabilidade e constância – que frequentemente apenas a maturidade e a ponderação, adquiridas com o tempo e com a experiência, nos permitem avaliar com rigor.
A amizade corre perigos sempre que as advertências são entendidas como ofensas ou quando se estimula a complacência ou a adulação. A adulação é a ruína da amizade, enquanto a firmeza da advertência é a garantia da sua permanência. Em suma, o amor pela virtude, a amizade desinteressada, é a melhor garantia da sua estabilidade.
O livro de Cícero toma por referência dois episódios inspiradores. Um deles é o diálogo havido entre Laelius e os seus genros, Quinto Múcio Cévola e Gaio Fânio, por ocasião da morte do seu grande amigo, Cipião Emiliano, o Africano; o outro é o momento em que Cícero teve conhecimento daquela grande amizade, exactamente quando na casa de Quinto Múcio Cévola, seu mestre, se comentavam as graves divergências políticas que levaram ao rompimento de dois grandes velhos amigos, Públio Sulpício Rufo e Quinto Pompeio.
A amizade entre Gaio Laelius e Cipião Emiliano tinha raízes muito antigas. Remontava à juventude de ambos, à formação, interesses e ideais que partilhavam desde então.
Vale a pena atentar nos três aspectos fundamentais sobre que Laelius dissertou, a propósito da sua amizade com Cipião Emiliano: 1) o conceito de amizade; 2) a sua natureza e origem; 3) a sua conservação.
A amizade é algo a que somente podem aspirar os homens de bem, aqueles que são dotados das virtudes fundamentais da urbe romana: a fidelidade, a integridade, o sentido da justiça, a liberalidade e a constância. Com base neste fundamento moral, Laelius dá-nos um conceito de amizade capaz de envolver toda a actividade humana, já que ela pressupõe uma plena e afectiva concordância em matéria religiosa, moral e política.
A amizade não tem a sua origem numa qualquer vantagem ou utilidade de que tenhamos necessidade, mas resulta antes de uma irresistível inclinação pelo brilho de alguma virtude que descobrimos no nosso semelhante. A amizade traz vantagens e benefícios incalculáveis, mas esses serão sempre uma consequência e nunca a sua causa. A imutabilidade da amizade decorre da imutabilidade das virtudes que nos atraíram e seduziram.
Finalmente, que regras ou que conselhos para a preservar e fomentar? O grande perigo que ameaça a amizade é a inveja e as rivalidades. Laelius faz recomendações negativas e positivas para preservar a amizade. Entre as negativas: não se pedir a um amigo nada que seja desonesto. Entre as positivas: trocar favores honestos; aconselhamento franco; e advertência com firmeza e afabilidade.
Decorre de todo o texto de Cícero uma preocupação: a escolha dos amigos deve assentar em virtudes – firmeza, estabilidade e constância – que frequentemente apenas a maturidade e a ponderação, adquiridas com o tempo e com a experiência, nos permitem avaliar com rigor.
A amizade corre perigos sempre que as advertências são entendidas como ofensas ou quando se estimula a complacência ou a adulação. A adulação é a ruína da amizade, enquanto a firmeza da advertência é a garantia da sua permanência. Em suma, o amor pela virtude, a amizade desinteressada, é a melhor garantia da sua estabilidade.
3 comentários:
Grande dissertação do valor da amizade,´Correia Pinto!
Atingiu a "mouche", de certeza absoluta!
Ele há cada coisa!!!!
Bom fim de semana
Ana
Isto não tem nada a ver com uma bela cervejada no Beer Hunter, há dias?
Segredo...
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