ENQUANTO PSE-EE E PP SE ENTENDEM
Insisto no tema País Basco apenas para sublinhar quão importante continua a ser, por todo o lado, o fenómeno nacional. Durante a ascensão do neoliberalismo, ouviu-se com muita frequência a ideia de que o Estado nação estava em crise e que em breve soçobraria ante os avanços inevitáveis da globalização. Isto, apesar de por todo o lado, depois da desagregação da União Soviética, se estar a assistir exactamente ao contrário. Outros, seguramente mais lúcidos, diziam que o Estado nação era pequeno demais para tratar dos grandes problemas mundiais e grande demais para se ocupar dos problemas que afligem quotidianamente as pessoas.
Embora esta segunda afirmação tenha muito de verdadeiro, ela não significa o desaparecimento do Estado nação, nem a erradicação do nacionalismo como fenómeno político e cultural.
Aqui bem perto de nós, o País Basco é um bom exemplo do que se acaba de afirmar. Do lado espanhol, o acordo entre o PSE-EE e PP quer significar, independentemente das profundas divergências que separam os dois partidos e inclusive dos ódios que os dividem, que a integridade territorial de Espanha está acima de qualquer diferença. Do lado basco, a exclusão do PNV do governo de Euskadi nas condições em que o foi e a sua substituição por um governo PSE-EE apoiado pelo PP são entendidas como uma espécie de dominação colonial ou, talvez mais correctamente, ocupação estrangeira.
Do lado de Madrid, principalmente a imprensa, tanto a de centro esquerda como a de direita e a monárquica, esforça-se por demonstrar que o governo PSE-EE tem legitimidade democrática e que o acordo com o PP se circunscreve a três questões fundamentais: defesa da Constituição, do Estatuto de Guernica (Estatuto do País Basco); e deslegitimação social da ETA. Quanto ao resto, o PP será uma oposição contundente.
Só esta forma de pôr a questão demonstra quão profunda é a distância que separa os espanhóis dos nacionalistas bascos. Aqueles três temas são exactamente o que estes contestam e que o plano soberanista de Ibarretxe (inviabilizado judicialmente) queria pôr em causa.
Rajoy, depois de ter aguentado o ataque feroz dos duros do partido (eufemismo para designar a ala franquista do PP, capitaneada por Aznar) e de ter substituído em Euskadi Maria San Gil por Basagoiti, muito mais moderado, conseguiu fazer regressar Zapatero ao “Pacto anti-terrorista”, nos termos por ele defendidos, e inviabilizar assim qualquer tipo de diálogo com a ETA. Em consequência, aumentou para níveis semelhantes ao de Aznar, embora com um discurso diferente de Zapatero, a intervenção judicial no País Basco, de modo a retirar aos nacionalistas qualquer possibilidade de vitória eleitoral. O que efectivamente veio a acontecer, nas eleições de 1 de Março.
Não auguro grande futuro a esta estratégia. Qual venha a ser a posição da esquerda Abertzale, não será difícil de prever. Quanto ao PNV, as declarações de Ibarretxe, citadas em título, deixam entender uma clara inclinação do partido para a linha mais nacionalista. Os espanhóis não vão ter vida fácil no País Basco nos próximos ano. De vitória em vitória em vitória…
Embora esta segunda afirmação tenha muito de verdadeiro, ela não significa o desaparecimento do Estado nação, nem a erradicação do nacionalismo como fenómeno político e cultural.
Aqui bem perto de nós, o País Basco é um bom exemplo do que se acaba de afirmar. Do lado espanhol, o acordo entre o PSE-EE e PP quer significar, independentemente das profundas divergências que separam os dois partidos e inclusive dos ódios que os dividem, que a integridade territorial de Espanha está acima de qualquer diferença. Do lado basco, a exclusão do PNV do governo de Euskadi nas condições em que o foi e a sua substituição por um governo PSE-EE apoiado pelo PP são entendidas como uma espécie de dominação colonial ou, talvez mais correctamente, ocupação estrangeira.
Do lado de Madrid, principalmente a imprensa, tanto a de centro esquerda como a de direita e a monárquica, esforça-se por demonstrar que o governo PSE-EE tem legitimidade democrática e que o acordo com o PP se circunscreve a três questões fundamentais: defesa da Constituição, do Estatuto de Guernica (Estatuto do País Basco); e deslegitimação social da ETA. Quanto ao resto, o PP será uma oposição contundente.
Só esta forma de pôr a questão demonstra quão profunda é a distância que separa os espanhóis dos nacionalistas bascos. Aqueles três temas são exactamente o que estes contestam e que o plano soberanista de Ibarretxe (inviabilizado judicialmente) queria pôr em causa.
Rajoy, depois de ter aguentado o ataque feroz dos duros do partido (eufemismo para designar a ala franquista do PP, capitaneada por Aznar) e de ter substituído em Euskadi Maria San Gil por Basagoiti, muito mais moderado, conseguiu fazer regressar Zapatero ao “Pacto anti-terrorista”, nos termos por ele defendidos, e inviabilizar assim qualquer tipo de diálogo com a ETA. Em consequência, aumentou para níveis semelhantes ao de Aznar, embora com um discurso diferente de Zapatero, a intervenção judicial no País Basco, de modo a retirar aos nacionalistas qualquer possibilidade de vitória eleitoral. O que efectivamente veio a acontecer, nas eleições de 1 de Março.
Não auguro grande futuro a esta estratégia. Qual venha a ser a posição da esquerda Abertzale, não será difícil de prever. Quanto ao PNV, as declarações de Ibarretxe, citadas em título, deixam entender uma clara inclinação do partido para a linha mais nacionalista. Os espanhóis não vão ter vida fácil no País Basco nos próximos ano. De vitória em vitória em vitória…
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