CONFIDENCIAL PORQUÊ?
O jornal britânico The Guardian teve acesso a um relatório confidencial da União Europeia sobre programas israelitas de expansão dos colonatos e ocupação ilegal de Jerusalém Oriental, além do mais baseados em políticas de habitação discriminatórias.
Para quem acompanha com alguma regularidade a situação política do Médio Oriente, nomeadamente a política de Israel relativamente à Palestina, não encontrará naquele relatório nada de novo. Toda a gente sabe que Israel conduz uma política de anexação dos territórios ocupados, pratica uma política racista e discriminatória face aos palestinianos e opõe-se firmemente à criação de um Estado palestiniano, tudo fazendo para o inviabilizar. E também toda a gente sabe que estas políticas são defendidas, posto que com matizes tácticos diferentes, por todas as forças políticas relevantes, desde os trabalhistas até à ultra direita laica ou ortodoxa.
O que não se percebe (ou melhor, infelizmente percebe-se) é por que razão aquele relatório era considerado confidencial pela União Europeia e, milagrosamente, deixou de o ser através de uma filtração para o Guardian.
A União Europeia continuando a actuar hipocritamente em matéria de direitos humanos e de legalidade internacional perderá, cada vez mais, a pouca influência que já tem no Médio Oriente, restando-lhe apenas o triste papel de ir pagando a factura que outros lhe vão apresentando para atenuar os efeitos mais dramáticos daquelas políticas.
Por outro lado, este espírito servil (em relação a Bush, guardando o relatório) e bajulador (em relação a Obama, publicando-o, depois das declarações de H. Clinton na Cisjordânia) com que a União Europeia actua - bem à imagem do seu alto representante, o inefável Solana – é altamente desprestigiante para quem faz da dignidade um valor!
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