O PS ARRISCA PERDER AS ELEIÇÕES
As contas podem estar certas ou erradas. Provavelmente estarão mais perto da verdade do que da mentira. É muito provável que não crescendo o país a um ritmo aceitável, no mínimo de acordo com a média europeia, não haja, dentro de poucos anos, dinheiro para pagar as dívidas. E o fraco ou nulo crescimento parece ser uma inevitável consequência dos parâmetros estabelecidos no Pacto de Estabilidade e Crescimento, decorrente da criação da moeda única a que Portugal aderiu.
Evidentemente, que agora não está em causa sair do euro por livre vontade. As perdas seriam, nesta fase, incalculavelmente maiores do que as vantagens. O que está em causa é a renegociação daquele Pacto à luz da experiência e dos resultados entretanto verificados, sob pena de, não o fazendo, se correr o risco de ter de se sair por imposição das economias de outros países.
Falando dos investimentos públicos. O PS tinha programada uma longa lista de grandes investimentos públicos, antes da crise global, que tinham como objectivo principal assegurar facturação às grandes empresas privadas e, simultaneamente, promover o desenvolvimento e o emprego, de um pais economicamente estagnado ou com índices de crescimento económico baixíssimos.
Entretanto, a crise impôs-se e com ela o renascimento das teses keynesianas. Aos olhos do Governo, as obras programadas, que estavam sendo contestadas pelo PSD com o apoio mais ou menos discreto do Presidente da República, adquiriram, com a crise, uma nova e indiscutível legitimação. Mais do que nunca é preciso que o Estado invista, se os privados o não fizerem, para relançar a procura e, por via dela, a economia. Esta tese conta com o apoio de renomados economistas, para quem, em épocas de grave recessão, como a que se vive, nem a rentabilidade dos investimentos, nem o défice constituem problema de maior, atentas as indiscutíveis vantagens que resultam desses investimentos e as desvantagens que resultariam de nada se fazer. Aquelas eventuais consequências negativas serão posteriormente superadas, em pouco tempo, ocorrida que seja a retoma económica.
A história do pensamento económico parece dar razão a esta tese. As hesitações, as preocupações de controlo do défice, na América rooseveltiana dos anos trinta, iam deitando a perder todo o esforço anterior, não fora, pouco depois, ter rebentado a II Guerra Mundial e assegurado por essa fatídica via um crescimento que tardava a consolidar-se.
Só que há uma enorme diferença de grau entre uma economia como a americana e a portuguesa. As receitas que lá foram válidas na década de trinta podem não ser aplicáveis a uma pequena economia, muito endividada, com um pequeno mercado interno e entalada num colete-de-forças, o Pacto de Estabilidade e Crescimento, que lhe retira qualquer margem de manobra e a condena a um crescimento puramente marginal relativamente às grandes economias europeias. É certo que continua a ser válido o princípio de que é pelo relançamento da procura que a economia se recupera. Só que aqueles grandes investimentos estão muito longe de produzir esse efeito a curto prazo. O Governo deveria, por isso, insistir nos pequenos investimento de modo a fazer chegar mais dinheiro ao bolso das pessoas muito rapidamente.
As contas podem estar certas ou erradas. Provavelmente estarão mais perto da verdade do que da mentira. É muito provável que não crescendo o país a um ritmo aceitável, no mínimo de acordo com a média europeia, não haja, dentro de poucos anos, dinheiro para pagar as dívidas. E o fraco ou nulo crescimento parece ser uma inevitável consequência dos parâmetros estabelecidos no Pacto de Estabilidade e Crescimento, decorrente da criação da moeda única a que Portugal aderiu.
Evidentemente, que agora não está em causa sair do euro por livre vontade. As perdas seriam, nesta fase, incalculavelmente maiores do que as vantagens. O que está em causa é a renegociação daquele Pacto à luz da experiência e dos resultados entretanto verificados, sob pena de, não o fazendo, se correr o risco de ter de se sair por imposição das economias de outros países.
Falando dos investimentos públicos. O PS tinha programada uma longa lista de grandes investimentos públicos, antes da crise global, que tinham como objectivo principal assegurar facturação às grandes empresas privadas e, simultaneamente, promover o desenvolvimento e o emprego, de um pais economicamente estagnado ou com índices de crescimento económico baixíssimos.
Entretanto, a crise impôs-se e com ela o renascimento das teses keynesianas. Aos olhos do Governo, as obras programadas, que estavam sendo contestadas pelo PSD com o apoio mais ou menos discreto do Presidente da República, adquiriram, com a crise, uma nova e indiscutível legitimação. Mais do que nunca é preciso que o Estado invista, se os privados o não fizerem, para relançar a procura e, por via dela, a economia. Esta tese conta com o apoio de renomados economistas, para quem, em épocas de grave recessão, como a que se vive, nem a rentabilidade dos investimentos, nem o défice constituem problema de maior, atentas as indiscutíveis vantagens que resultam desses investimentos e as desvantagens que resultariam de nada se fazer. Aquelas eventuais consequências negativas serão posteriormente superadas, em pouco tempo, ocorrida que seja a retoma económica.
A história do pensamento económico parece dar razão a esta tese. As hesitações, as preocupações de controlo do défice, na América rooseveltiana dos anos trinta, iam deitando a perder todo o esforço anterior, não fora, pouco depois, ter rebentado a II Guerra Mundial e assegurado por essa fatídica via um crescimento que tardava a consolidar-se.
Só que há uma enorme diferença de grau entre uma economia como a americana e a portuguesa. As receitas que lá foram válidas na década de trinta podem não ser aplicáveis a uma pequena economia, muito endividada, com um pequeno mercado interno e entalada num colete-de-forças, o Pacto de Estabilidade e Crescimento, que lhe retira qualquer margem de manobra e a condena a um crescimento puramente marginal relativamente às grandes economias europeias. É certo que continua a ser válido o princípio de que é pelo relançamento da procura que a economia se recupera. Só que aqueles grandes investimentos estão muito longe de produzir esse efeito a curto prazo. O Governo deveria, por isso, insistir nos pequenos investimento de modo a fazer chegar mais dinheiro ao bolso das pessoas muito rapidamente.
Não o fazendo, a direita, num clima de descrença e frustração como o que actualmente se vive, não terá grande dificuldade em fazer passar a mensagem de um Governo gastador, absolutamente insensível às consequências das dívidas que se propõe contrair. E numa época como a actual esta mensagem passa mais facilmente do que a que promete um amanhã melhor. Anos seguidos de crise, agravados pela actual situação, deixam o eleitorado mais receptivo às propostas que subliminarmente o Presidente da República vai deixando do que às promessas do governo.
Há ainda uma razão de fundo que a oposição de direita e o Presidente da República não têm evidenciado nos seus comentários críticos e que seguramente constitui o aspecto mais negativo daqueles investimentos. Referimo-nos ao modelo de financiamento: está em curso mais uma grave extorsão ao povo português. As famigeradas parcerias público-privadas que os governos PSD e PS (estes mais descaradamente do que aqueles) têm patrocinado constituem um autêntico saque ao dinheiro dos contribuintes. A construção do novo aeroporto – que é uma obra desnecessária e contra a qual qualquer pessoa sensata deverá lutar –, mais do que qualquer outro investimento, implicaria, nos termos que o PS o quer financiar, um pesado ónus para o povo português no seu conjunto.
É nos actos, e não nas palavras, que se afere da verdadeira natureza do Governo. Diz-se contra o neoliberalismo, mas emprega todos os instrumentos típicos do neoliberalismo, sempre que actua economicamente.
Voltaremos ao tema do aeroporto e à privatização da ANA noutra ocasião.
Há ainda uma razão de fundo que a oposição de direita e o Presidente da República não têm evidenciado nos seus comentários críticos e que seguramente constitui o aspecto mais negativo daqueles investimentos. Referimo-nos ao modelo de financiamento: está em curso mais uma grave extorsão ao povo português. As famigeradas parcerias público-privadas que os governos PSD e PS (estes mais descaradamente do que aqueles) têm patrocinado constituem um autêntico saque ao dinheiro dos contribuintes. A construção do novo aeroporto – que é uma obra desnecessária e contra a qual qualquer pessoa sensata deverá lutar –, mais do que qualquer outro investimento, implicaria, nos termos que o PS o quer financiar, um pesado ónus para o povo português no seu conjunto.
É nos actos, e não nas palavras, que se afere da verdadeira natureza do Governo. Diz-se contra o neoliberalismo, mas emprega todos os instrumentos típicos do neoliberalismo, sempre que actua economicamente.
Voltaremos ao tema do aeroporto e à privatização da ANA noutra ocasião.
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