quinta-feira, 19 de junho de 2008

A DIRECTIVA DA VERGONHA

A POLÍTICA COMUM EUROPEIA DE EXPULSÃO DE IMIGRANTES

O Parlamento Europeu votou ontem, sem uma única emenda, por 369 votos a favor, 197 contra e 106 abstenções, a directiva que permite manter detidos por 18 meses os imigrantes indocumentados, expulsar menores para países diferentes dos países de origem e proibir os expulsos de voltar a entrar na UE durante cinco anos.
Aos grupos da direita – Partido Popular Europeu (217 votos) e Europa das Nações (40) – uniram-se 57 votos do Partido Liberal, 34 dos socialistas, 16 dos quais espanhóis, 15 não inscritos e 6 independentes.
Contra votaram 100 socialistas, 37 deputados da União da Esquerda Europeia, 36 Verdes, 11 Independentes, 7 Liberais, 5 não inscritos e 1 PPE.
Abstiveram-se 49 socialistas, 27 PPE, 20 Liberais, 5 não inscritos, 3 independentes e 2 Verdes.
Esta directiva - uma verdadeira vergonha para a Europa, praticamente para toda a Europa que concorda com o Tratado de Lisboa - que criou uma categoria inferior de seres humanos, como muito bem sublinhou um socialista italiano e colocou a União Europeia ao mesmo nível de Bush, é também um verdadeiro epitáfio por uma Europa moribunda que se afasta dos seus verdadeiros valores: a democracia e a defesa dos direitos do homem!
Para um continente que desde há séculos fez da emigração a sua outra casa e que além disso conquistou, exterminou, escravizou e colonizou outros povos, destruindo por todo o lado civilizações e culturas, não deixa esta directiva de constituir um frisante exemplo da enorme pequenez dos dirigentes que neste momento dirigem este velho continente.
De nada valeram os apelos humanitários de organizações internacionais, nem de certos sectores da igreja Católica, nem mesmo a carta aberta enviada aos deputados por Jacques Delors e Michel Rocard. A tudo, esta Europa que nos governa, foi insensível.
Esta mesma Europa que é forte com os fracos e fraca com os fortes. Esta Europa que se verga ao poder dos monopólios e dos especuladores, esta Europa incapaz de assumir e pôr em prática uma política comum contra a crise, foi capaz de colocar na prisão pobres emigrantes por 18 meses por terem cometido o crime de procurar uma vida melhor e de expulsar menores sem qualquer preocupação com o destino para onde os remete.
Esta Europa não é a minha Europa!

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