ADJUDICAÇÃO DO SIRESP POR CINCO VEZES O SEU VALOR
Os jornais de hoje noticiam com grande destaque a adjudicação por este Governo de uma rede de comunicações para as forças de segurança, serviços de informação, emergência médica e protecção civil, denominado SIRESP, por um preço cinco vezes o seu valor!
Segundo o estudo efectuado na vigência do Governo Guterres, o preço do sistema deveria rondar os cem milhões de euros. O Governo seguinte, do PSD, já em gestão, adjudicou, por intermédio do Ministro da Administração Interna, o referido sistema por 538 milhões de euros a um consórcio liderado pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), grupo do qual o Ministro havia sido consultor e administrador.
A este grupo pertencem ainda Dias Loureiro, como administrador não executivo e Oliveira e Costa, ex-secretário dos Assuntos Fiscais do Governo de Cavaco Silva, à época presidente da SNL. O BNP, que pertence a este grupo, está a ser investigado na Operação Furacão.
O actual Governo, suspeitando de tráfico de influências, decretou a nulidade da adjudicação e renegociou com o mesmo consórcio o dito sistema por 485 milhões de euros, depois de ter prescindido de algumas funcionalidades.
O assunto chegou a ser investigado, mas foi arquivado por o Ministério Público não ter encontrado relação entre o despacho de adjudicação e o facto de quem o proferiu ter estado ligado ao adjudicatário.
O responsável pelo grupo de trabalho que elaborou o estudo e avaliou o custo do sistema, insatisfeito com o rumo das averiguações, veio agora declarar que não consegue encontrar justificação para uma tão grande disparidade entre o custo estimado e o montante da adjudicação.
Perante estes factos, a maior parte das pessoas, incrédulas quanto á possibilidade de o assunto poder ser retomado pela justiça, entende que nada vai acontecer e que tudo ficará como está. Entende que nem sequer o Parlamento abordará o assunto.
Enganam-se. Vai acontecer o que permanentemente tem sido denunciado neste blog: os funcionários públicos, os reformados, os trabalhadores em geral vão pagar com os seus salários congelados ou com aumentos muito inferiores aos da inflação mais este défice das finanças públicas portuguesas. Todos os défices têm a mesma origem: a péssima gestão que os Governos fazem dos dinheiros públicos, seja por motivos fraudulentos, seja por negligência grosseira.
terça-feira, 3 de junho de 2008
MAIS UMA DO BLOCO CENTRAL
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