A ESCREVER É QUE A GENTE SE ENTENDE
Loureiro dos Santos expõe hoje no Público duas teses que falam por si. Diz o conhecido General que os países europeus estão condicionados por duas vulnerabilidades: a dependência energética da Rússia e do Médio Oriente e a natureza aberta e tolerante das nossas sociedades.
Num mundo cada vez mais interligado e interdependente em que nem sequer os países continente são auto-suficientes, Loureiro dos Santos considera que a dependência energética é uma vulnerabilidade. É claro, que toda a gente gostaria de ter petróleo tanto para assegurar o consumo interno como ainda para exportar. Todavia, no mundo em que hoje se vive, a falta desta riqueza natural não pode ser encarada como uma vulnerabilidade, mas antes como um dado de facto com o qual se tem contar para organizar as respectivas economias. Considerar a dependência energética uma vulnerabilidade abre a porta a concepções bélicas nas relações entre países. Foi essa a perspectiva que Dick Cheney fez prevalecer na Administração Bush com as consequências que se conhecem.
E dizer depois que as sociedades abertas e tolerantes – isto é, democráticas – constituem uma vulnerabilidade apenas reforça aquela mesma concepção. Ou seja, estas sociedades em que vivemos têm de alienar os valores em que acreditam (ou seja, admitir a tortura como meio adequado de inquisição, admitir a prisão preventiva com base em vagos indícios e por largo tempo ou mesmo por tempo indeterminado, aceitar o sequestro de pessoas em nome da segurança nacional e por ai fora, por ai fora…) para se tornarem mais fortes e menos vulneráveis.
Formado nas obsessões da guerra fria, cujas teses continua a perfilhar, admirador confesso da Administração Bush ou de qualquer outra que, no essencial, lhe siga os passos, atlantista convicto, este General na reserva é apenas um exemplo dos muitos que pontificam neste país. Como ele pensam muitos outros: jornalistas, ministros, intelectuais dependentes, etc. Enquanto este país continuar a ser ideologicamente dominado por gente tão retrógrada, continuará a caminhar inexoravelmente para a cauda da Europa!
ADITAMENTO
As duas teses com que o artigo começa logo deixavam perceber como se desenvolveria. A verdade é que somente o li depois do acima vai escrito. Mas não me enganei: tresanda a guerra fria de uma ponta à outra!
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