terça-feira, 11 de novembro de 2008

A NACIONALIZAÇÃO DO BPN NOS "PRÓS E CONTRAS"



O PAPEL DO GOVERNO


Do debate hoje, no programa Prós e Contras, ficou claro, principalmente pela voz de um dos accionistas, que havia no Banco um conjunto de pessoas ligadas à anterior administração ou a ela pertencentes que lesou dolosamente os demais accionistas, sendo, para esse accionista, inqualificável que algumas dessas pessoas venham agora dizer que não sabiam ou não tinham conhecimento do que lá se passava.
As insinuações não podiam ser mais directas e um outro accionista que falou deixou dito que muito brevemente seriam feitas revelações sobre o assunto na imprensa, como igualmente afirmou que o Ministério Público já tem em seu poder elementos que lhe permitem actuar na direcção certa.
Tal como Saldanha Sanches, também os representantes dos accionistas lesados não acreditam que alguém venha a prestar contas à justiça pelos crimes que cometeu. Presunção certamente agravada pelo facto de o Procurador-geral da República, numa das suas mais infelizes intervenções, já ter vindo dizer que não dispõe de meios para investigar o grande crime económico, posição, de resto, sufragada, noutra intervenção pública, por uma das suas mais directas colaboradoras.
Esta atitude das cúpulas do MP aliada à completa inoperância da chamada entidade de supervisão e regulação, além de criar um clima de completo descrédito nas instituições, abre a porta para a acção directa daqueles que descrêem da justiça.
Do debate resultou ainda que a entidade reguladora já poderia ter actuado há muito mais tempo, tendo igualmente ficado a ideia de que o Governo, por razões que somente ele poderá explicar, terá tentado salvar o Banco quer pela via dos depósitos efectuados pelo Instituto de Segurança Social, quer por meio de empréstimos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos. Somente quando estes remédios se revelaram insuficientes é que avançou para a nacionalização.
Muito ambígua em toda a discussão foi a posição do PSD. Percebe-se que é contra a nacionalização, embora fundamente a sua posição em discordâncias puramente procedimentais, sem contudo avançar com a solução com que estaria de acordo. Havendo em confronto apenas duas posições: a da nacionalização, na modalidade defendida pelo Governo ou noutra, e a proposta de Cadilhe, parece legítimo concluir que o PSD estaria de acordo com esta última, tanto mais que nunca dela publicamente se demarcou.
Evidentemente, que havia uma terceira solução – deixar o Banco falir. Não parece contudo que o PSD esteja de acordo com ela, apesar de muito provavelmente se justificar mais que qualquer uma das duas anteriores, não fora o caso de o Estado ter lá metido muito dinheiro antes da nacionalização.

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