segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A "INDECISÃO" DE CONSTÂNCIO



EM PORTUGAL, HÁ SEMPRE UMA DESCULPA

Depois de tudo o que foi dito e ouvido, principalmente por quem se deu ao trabalho de acompanhar a audição parlamentar de Constâncio até altas horas da madrugada, poucas ou nenhumas dúvidas restam quanto ao seu desempenho e à normal consequência desse desempenho se se vivesse num país a sério.
Mas eis que hoje, Mário Crespo resolve trazer de novo o assunto à antena e pergunta aos seus convidados de frente-a-frente o que pensam da prestação de Constâncio à frente do Banco de Portugal.
Um desses convidados lá foi dizendo que Portugal é um país muito pequeno, onde toda a gente se conhece, pelo que seria conveniente que as funções de supervisão que o BP desempenha fossem acompanhadas, depois da criação do BCE, por alguém de fora. Enfim, é uma posição que tem pelo menos o mérito implícito de reconhecer que o BP é uma falsa entidade independente em relação aos bancos.
Saldanha Sanches, o outro dos convidados presente, foi de opinião que Constâncio, embora seja uma pessoa seríssima e competente, é um indeciso. Não é capaz de decidir e o lugar de Governador do Banco de Portugal tem de ser ocupado por uma pessoa capaz de decidir.
Estranha conclusão esta, num homem politicamente tão experiente como Saldanha Sanches. Nunca vi que Constâncio em qualquer dos relevantes lugares que desempenhou tivesse tido qualquer hesitação em aconselhar ou praticar a “moderação” salarial (leia-se: perda do poder de compra) dos trabalhadores. Nunca! E mesmo no presente caso, ele decidiu, a decisão é que lhe saiu errada. Ele tentou, com a anterior administração, salvar o banco. Só que não conseguiu. Capacidade de decisão tem ele: o que acontece é que ela vai sempre na mesma direcção.

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