COMO VAI SER NO FUTURO?
Ainda ontem, ou anteontem, uma conhecida “viúva” de Bush, num artigo de opinião, no Público, sobre as relações da Europa com a Rússia, exclamava: ”Até parece que a guerra da Geórgia nunca existiu”, expressando assim o seu descontentamento pelo que se passou em Nice e deixando implícita uma crítica à passagem de Medvedev por Lisboa.
Ontem, durante a recepção a Medvedev, José Sócrates teve oportunidade de responder a essas e outras objecções dos nossos atlantistas, dizendo que a “A Geórgia é uma página que ficou virada em Nice”.
Desde a primeira hora que aqui assinalámos a autonomia de Sócrates relativamente a Washington nas relações com a Rússia. Com o seu habitual pragmatismo, o Primeiro-Ministro depressa percebeu que uma relação preferencial com a Rússia (isto é, uma relação que se destacasse dos vulgares atlantismos e dos ressentimentos dos países recentemente saídos da órbita soviética) só poderia ser vantajosa para Portugal. E tem vindo a trilhar essa política com firmeza.
E até o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros já vai dizendo a Lavrov que olha com interesse e simpatia a proposta russa de um plano de segurança pan-europeia e o próprio Cavaco também acaba por aceitar esta relação com muito mais à vontade do que outras, como, por exemplo, a da Venezuela de Chávez, além do mais porque estes russos nem sequer de socialismo falam.
A prova dos nove vamos começar a tê-la, ainda este ano, em Helsínquia, na Conferência da OSCE, supondo, como parece cada vez mais provável, que do lado de Washington não haverá significativas mudanças da sua política externa em relação à Rússia.
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