quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS



A EXTORSÃO CONTINUA


Afinal, não é só na costa da Somália que há problemas. Em Portugal também há. O preço do crude nos mercados internacionais está cotado abaixo dos 50 dólares. Se as petrolíferas utilizassem agora os mesmos critérios que usaram durante a primavera para calcular o preço dos combustíveis, eles estariam a ser vendidos, tendo já em conta as alterações cambiais entre o dólar e o euro entretanto ocorridas, a onze cêntimos menos em cada litro. Onze cêntimos em cada litro é muito dinheiro. É um verdadeiro saque a que ninguém põe cobro.
O capitalismo neoliberal e os seus incondicionais apoiantes (que são muitos, mesmo entre os que dizem que não são) inventaram essa coisa das entidades reguladoras “independentes”, das “autoridades da concorrência” e outras tretas do género. Independentes de quem? Independentes do Estado, que representa o interesse geral e dependentes das empresas.
O conceito de autoridade independente quer fazer passar a ideia de que essas autoridades desempenham um papel independente dos interesses em jogo, o que é um verdadeiro contra-senso, pelo menos face à ideologia burguesa do conceito de Estado - que sempre o definiu como algo acima dos interesses em presença e único definidor do interesse geral!
Pois é, ao capitalismo neoliberal não lhe basta o domínio que exerce sobre o aparelho de Estado, quer ter a certeza de que não há nessa estrutura zonas de relativa autonomia, e por isso inventou as autoridades independentes.
E é por isso que o Manuel Sebastião, tão lesto a tratar dos negócios das empresas do Manuel Pinho, mandou para as calendas de Março, um famoso estudo que há-de apresentar sobre a formação dos preços dos combustíveis. Mesmo admitindo que o estudo venha a ser contrário aos interesses das petrolíferas, o que somente como hipótese se admite, o que elas extorquirão até lá, já constitui um pecúlio irreversível de extraordinário valor.
Mas há mais: Há todas as razões para supor que as principais petrolíferas estão concertadas na formação dos preços. E que faz a “autoridade da concorrência”, perante indícios mais do que evidentes? Anda com uma lupa á procura de uma pretensa acta na qual os cartelistas tenham firmado o compromisso assumido…

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