MILHARES DE OPOSITORES ASSASSINADOS
Aqui há tempos comentámos ironicamente uma visita de Luis Amado à Colômbia, apenas explicável pelas piores razões: dar uma satisfação ao “fiel aliado”, se é que não foi mesmo uma exigência de Rice, e, internamente, silenciar algumas críticas de “outros sectores” do Estado, já muito assustados com as frequentes visitas de Chavez a Portugal.
O caso da Colômbia, quando confrontado com o da Venezuela, é curioso e permite perceber como hoje se forma a opinião pública internacional, que recebe as notícias sob a forma de flash. A matilha dos comentadores de política internacional, completamente instrumentalizada por Washington, diaboliza Chavez a propósito de tudo e de nada. Enfim, entre muitos factos que poderiam ser citados, basta recordar o golpe de Estado perpetrado para o derrubar, com o apoio explícito da Espanha de Aznar, e o modo como todas as cumplicidades foram tratadas.
Pelo contrário, a Colômbia, governada por um presidente que já modificou várias vezes a Constituição para se manter no poder e que executa, aos milhares, os seus adversários, é tratada como uma campeã da democracia. Felizmente, que na América, onde há tanta podridão e tanta coisa boa, Nancy Pelosi já mandou dizer a Bush que não contasse com o voto favorável do Congresso para a aprovação do Tratado de Comércio Livre com a Colômbia, enquanto Uribe não respeitasse os direitos do homem.
A imprensa latino-americana de hoje relata a execução de milhares de opositores. Algo de semelhante ao que se passou no Chile de Pinochet e na Argentina de Vilela.
Por isso, fica mal, como aqui dissemos, a um país como Portugal, visitar oficialmente a Colômbia. Que credibilidade tem o Ministro quando, com ar agastado, fala de direitos do homem, como aconteceu, por exemplo, aquando da vinda de Mugabe a Lisboa?
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