sábado, 16 de maio de 2009

ALEGRE DESLIGA-SE, FICANDO


A DECISÃO DE MANUEL ALEGRE

Que Alegre ficaria no PS era certamente o mais provável, por todas as razões apontadas em posts anteriores: dificuldade de formação de um novo partido; “impossibilidade prática” de integração das listas do Bloco.
Num contexto de previsível maioria absoluta seria provável que Alegre tentasse negociar com a direcção do PS uma participação nas listas eleitorais integrando nelas alguns dos seus apoiantes; no actual contexto, de provável maioria relativa, Alegre, se ficasse, perderia força e importância. O seu voto não teria o peso nem o significado que chegou a ter na actual legislatura.
Por outro lado, tendo concluído que a formação de um novo partido estava rodeada de dificuldades e incertezas, só lhe restavam duas hipóteses: ou juntar-se a uma força de esquerda já existente, como independente; ou continuar no PS. A primeira hipótese não tinha viabilidade prática, tanto do lado do PCP, como do BE. Restava-lhe, portanto, a segunda.
Só que manter-se no PS ao mais alto nível, integrando as listas para deputado ou pertencendo aos órgãos dirigentes do partido (que já não pertencia), levantava necessariamente a questão da coerência. Como justificar manter-se ao mais alto nível num partido que nos últimos anos não cessou de criticar e até de combater?
Querendo manter-se activo na política, a via escolhida foi a de se desligar do PS, ficando. Esta via abre-lhe a porta para uma acção mais concertada contra a actual direcção e permite-lhe, novamente, candidatar-se à Presidência da República contra o candidato do PS. Sim, porque Alegre sabe que muitas dezenas, se não centenas, de milhares de votos que obteve nas últimas eleições presidenciais só os alcançou por não ser o candidato oficial do partido. E conta ter a capacidade de persuasão suficiente para numa candidatura anti-direcção recolher a grande maioria dos votos PS. Esta parece ser a estratégia de Alegre.

4 comentários:

samuel disse...

Em cheio!

JVC disse...

Concordo com a tua análise, mas não consigo "empatizar" com esta alegre situação. E empatizar sabes bem como é importante em política para que ela não seja para cada um de nós só aquilo que este caso me está a parecer: coisa menor, de pouca grandeza pessoal. Ainda por cima, nem consigo ver alguma perspectiva de tudo isto resultar em alguma coisa que fique para as crónicas.

JMC Pinto disse...

Meu Caro João

Nestas matérias procuro deixar os afectos de parte e apenas tentar perceber o que se passa.
Depois há a outra questão: importância do assunto.
Sobre isso já falámos: se toda a imprensa e demais media tratam do assunto, dificilmente os blogues podem ficar à margem.
Abraço
CP

jvcosta disse...

Não estava a fazer-te qualquer crítica. Foi apenas um desabafo meu de algum enfado por estas medianias da nossa vida política.
É claro que se eu tivesse um blogue com grande pendor político também não deixaria de comentar este caso e, como dizes, com esforço de isenção. Vou deixando isso para outras escritas.