sexta-feira, 8 de maio de 2009

STIGLITZ EM PORTUGAL



A DESANCAR NAS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

Depois da Maizena, o Ministro Pinho marcou pontos ao promover no âmbito do seu ministério uma conferência com Joseph Stiglitz.
Stiglitz falou sobre as parcerias público-privadas e sobre o plano de recuperação de Obama para o sector financeiro. Embora estivesse analisando a situação americana, o que ele disse sobre as parcerias ajusta-se que nem uma luva ao que se passa em Portugal. As parcerias são um verdadeiro embuste, por via das quais o contribuinte financia o capital privado. Aqui é que Sócrates deveria aplicar o princípio de “cada um pedalar a sua bicicleta”. Mas não, ele põe, sem autorização nem retribuição, os contribuintes a pedalar para o grande capital.
O capital financeiro é, como aqui tem sido muitas vezes dito, o verdadeiro calcanhar de Aquiles de Obama. Falamos de Obama porque é o único de que vale a pena falar. Dos europeus nem sequer adianta falar. Na realidade, eles não querem mudar quase nada. Mas Obama prometeu que não deixaria que Wall Street dominasse e impusesse as suas regras à Main Street.
É uma promessa que não vai poder cumprir. Curiosamente, de toda a sua equipa económica, o menos comprometido é Ben Bernanke, que herdou de Bush. É um académico de prestígio (Director do departamento de Economia da Universidade de Princeton) sem ligações conhecidas ao grande capital, contrariamente ao que se passa com todos os outros, quer os herdados de Clinton, quer os recrutados por ele.
Além de que há relativamente ao capital financeiro um problema que os economistas – os que estão realmente interessados numa mudança substancial – escamoteiam ou não abordam com a profundidade devida: como controlar o capital financeiro num quadro global? Teoricamente, seria possível fazê-lo num quadro nacional. Mas, continuando vigente por todo o mundo (ou quase) a liberalização de capitais, como pode evitar-se a repetição de situações parecidas com as que agora vivemos? Certamente que se pode regular a actividade dos bancos de investimento em termos semelhantes à dos bancos comerciais, ou até proibi-los de praticar operações idênticas às dos bancos comerciais, ou aplicar a estas operações, caso sejam permitidas, o mesmo regime das praticadas pelos bancos comerciais. Certamente, que se poderá fazer um controlo mais rigoroso dos activos e ser-se mais cuidadoso na regulamentação (que aliás não existia) dos derivados. Mas nada disto vai impedir os movimentos especulativos de grande envergadura, o ataque às moedas nacionais como verdadeiros actos de pirataria e por aí adiante.
Enfim, para os que pensam, como o Dr. Mário Soares, que o neoliberalismo implodiu, aguarda-os surpresas bem desagradáveis.

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