O BLOCO CENTRAL E AS MANOBRAS DE DIVERSÃO
A campanha eleitoral para as eleições europeias está sendo dominada por questões sem importância, esgrimidas pelos dois principais partidos, para conscientemente escamotearem o essencial.
Enquanto em tempos de crise intensa o Partido Socialista distribui comida nos comícios para assegurar assistência e reclama a presença assídua do Secretário-Geral para salvar a campanha e tentar ganhar as eleições, o PSD, satisfeito com a prestação de Rangel, esconde Ferreira Leite, ciente de que a sua presença só por mero acaso não provocaria danos irreparáveis.
E então, uns e outros, vão falando destas coisas, atribuindo-lhes um sentido exactamente oposto ao que elas efectivamente têm e, na ausência de outros temas, uns e outros, têm o desplante de trazer para a campanha questões da responsabilidade comum, como a educação, passando aos eleitores um verdadeiro atestado de menoridade, por tal discussão ter pressuposta a ideia de que ambos nada têm a ver com que o que nesse domínio se passou nos últimos 33 anos!
As questões que poderiam ter interesse, como as que têm a ver com a construção europeia – estas eleições servem ou deveriam servir para isso – ou pura e simplesmente não são tratadas, ou, quando são afloradas, relevam de uma chocante superficialidade, como foi o caso do imposto europeu proposto pelo cabeça de lista do PS, naquela que deve ter sido a sua última intervenção autónoma nesta campanha.
É evidente que a questão dos recursos financeiros é uma questão crucial do debate europeu. O processo assimétrico de integração europeia não pode ser abordado, nem superado, sem uma reforma profunda do orçamento comunitário e de outros fundos indispensáveis à construção de uma Europa coesa e solidária. Obviamente, que esta discussão só faz sentido se tiver por pressuposto um projecto de construção europeia, que o PS verdadeiramente nunca explicitou para além do existente, nem tão-pouco estará em condições de o fazer por tal projecto relevar da competência do PSE, em que ele, como ramo nacional, está integrado. Por outras palavras, o projecto dos socialistas é o Tratado de Lisboa. Exactamente por isso se não compreende a intervenção do cabeça de lista do PS sobre o “imposto europeu”. Além de vaga e confusa, e de inintegrável na estratégia partidária da lista a que pertence, a proposta releva de uma ingenuidade política pouco recomendável num sexagenário! Certamente por isso a presença de Sócrates, o grande controleiro, passou a ser indispensável na campanha.
1 comentário:
Já que não podem voltar atrás na escolha do cabeça de lista... se ao menos conseguissem que Vital fizesse a campanha calado... :-)))
Abraço.
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