quarta-feira, 13 de maio de 2009

PRESSÕES SOBRE OS MAGISTRADOS DO FREEPORT

A LÓGICA DE VITALINO CANAS E DO PS


O PS, depois de tudo o que disse a propósito do incidente da Alameda entre alguns manifestantes e Vital Moreira, em que exigiu que o PCP assumisse as responsabilidades do sucedido e apresentasse um pedido de desculpas, vem agora dizer que a conversão do processo de inquérito a Lopes da Mota em processo disciplinar, por haver indícios seguros de pressão sobre os delegados do MP encarregados do caso Freeport, não prova que essas pressões tenham existido. É preciso fazer a prova delas no local próprio. E consequentemente acusou de oportunismo político os partidos que exigiram a demissão do magistrado dos lugares que ocupa.
Então, se a lógica de Vitalino Canas e do PS é esta como se atreveram eles a responsabilizar o PCP pelos incidentes da Alameda sem que tivessem primeiramente recorrido aos tribunais para provar a sua autoria moral no sucedido? Que comportamento é este de um partido que se arvora em Papa da democracia?
O que o PS porventura teme, e dai o seu imenso nervosismo, é que isto não pare aqui. Provavelmente parará. Mota será sacrificado e aceitará o sacrifício a troco de uma vantagem que lhe será proporcionada quando o assunto já estiver esquecido. É assim que as coisas funcionam em Portugal…
Curiosamente, nos países anglo-saxónicos o elo mais fraco da cadeia quando se apercebe que vai ter de suportar sozinho o rebentamento da onda, normalmente fala e conta tudo. Por que será que entre nós isso nunca acontece?

3 comentários:

Ana Paula Fitas disse...

Por causa da lógica com que tudo "se passa" em Portugal... em que se aprendeu que, tarde ou cedo, há sempre "compensações" "à altura", capazes de justificar silêncios e sacrifícios?... estranho? não... afinal, isso é próprio de sociedades de compromissos e dependências próximas de uma certa moralidade assente na "honra" italianizada ou, melhor dizendo,
"berlusconizada"!?!... pois...

JVC disse...

Que o PSD exija a demissão, que o PS se oponha, acho tristemente normal.

Diferente é a atitude pessoal do tal senhor. Como é que ele se pode sentar à mesa da próxima reunião do Eurojust?

Já houve tempos em que dei demasiada importância ao colectivo, hoje, até por razões afectivas e de prazer do afecto por almas gémeas, também pela minha solidão epicurista de ter de responder perante mim próprio, pessoa, estou cada vez mais a dar importância ao indivíduo, à sua riqueza única e irrepetível.

Por isto, pouco me interessa o que diz o papagaio Vitalino Canas, mas chateia-me que haja um tal senhor magistrado que não se sente obrigado a apresentar imediatamente a sua demissão, não porque o PS quer (de facto não quer), mas porque a sua dignidade devia querer.

Nuno Pereira disse...

O sistema está de tal maneira incorporado, no circulo das pessoas que ocupam cargos de relevância e onde todos sabem os podres de todos, que pedir a demissão está logo à partida posta de parte.
O tempo tudo apaga e daqui a meia dúzia de dias já tudo foi esquecido, porque a maratona das eleições centrará todas as atenções.