AGORA, QUEM A DETÉM? Da China miserável e humilhada que os comunistas herdaram em 1949, um longo, sinuoso e difícil caminho foi percorrido até hoje. Não adianta sequer tentar assinalar as grandes linhas deste extraordinário percurso. A história fala por si e nada melhor do que a história para comparar o antes e o depois. Da tigela de arroz diária garantida a cada chinês que, segundo Edgar Snow, constituía a primeira grande conquista da era comunista, até à China de hoje, cosmopolita e camponesa, moderna e ainda arcaica, a caminho de se tornar dentro de duas ou três décadas a primeira economia mundial, vão apenas 60 anos! Com excepção da República Romana que alcançou feitos antes inimagináveis nuns escassos 50 anos, poucos terão sido os povos ou, para dizer numa linguagem mais moderna, os Estados, que, sem conquista de novos territórios, terão atingido tão grandioso êxito. O modelo chinês pós Deng Xiao Ping, porventura irrepetível em qualquer outra latitude, não obstante a experiência vietnamita, demonstrou a sua extraordinária eficiência alicerçada num alto grau de consenso popular e serviu para deitar por terra umas tantas verdades sagradas que os livros de filosofia política e também de ciência política repetiam sem cessar, transformando-as com o passar do tempo em mais uns tantos mitos ideológicos de que a história – com a sua extraordinária sabedoria de só falar do passado – se rirá no futuro. Não adianta argumentar com pormenores, como não adianta fazer a apologia do que quer que seja. Apenas constatar, observar e concluir que há outros e muito importantes direitos fundamentais para além da liberdade política tal como ela é entendida pela cultura ocidental. E concluir também que eu não gostaria que fossem os dois mil milhões de chineses a escolher o regime político em que devo viver…É apenas uma questão de reciprocidade. |
sexta-feira, 22 de maio de 2009
CHINA: O VERDADEIRO SALTO EM FRENTE
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2 comentários:
«(...) pormenores (...)»
O rolo compressor do tanque esmagando os estudantes de 4 de Junho?
Antes, a horda de infelizes que deixaram de viver (na realidade, e perdoe-me o pormenor do rigor, que foram estatalmente assassinados) na Revolução Cultural)
Antes.....?
E....antes?
...?
Não sei dizer senão que o que escreveu me deixou perplexo, inquieto e até assustado.
Materialismo antes de tudo o mais, contra tudo o mais e não obstante tudo o mais?
Meu Caro JMV
Eu já sabia que o meu texto ia ser mal interpretado. Não estou a fazer a apologia do modelo chinês, mas também não tenho a pretensão de impor aos chineses um modelo. Aliás, não gostaria nada que eles o fizessem em relação a nós. Portanto, é, como disse no post, uma questão de reciprocidade.
Nada de prescritivo, portanto. Apenas descritivo. E ai sim, ao comparar os resultados do modelo chinês com outros que partiram de idêntico patamar os resultados estão à vista.
Foi só isto o que quis dizer. Talvez volte ao assunto
Obrigado pelo seu comentário.
JMC Pinto
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