MAIS UMA DO CDS
Um episódio ocorrido nas jornadas parlamentares do CDS é bem ilustrativo do modo como a direita intimamente ligada ao grande capital encara a crise e as suas consequências, nomeadamente o pagamento das medidas que têm vindo a ser tomadas.
Numa primeira fase, a direita chegou a assustar-se, quando se viu responsabilizada pela crise, e consequentemente temeu que medidas institucionais relativamente gravosas pudessem ser postas em prática. Receou igualmente que movimentos populares incontrolados pudessem afectar a sua situação patrimonial e política.
Hoje, muitos meses depois do aparecimento dos primeiros graves sinais da crise financeira, a direita já se sente vitoriosa por ter conseguido, em todos os domínios, estancar os efeitos da crise, sem prejuízos, nem perda de posições. Evidentemente que a crise continua a existir, mas apenas para os outros.
É neste novo contexto, que entre nós se iniciará logo que seja formado o próximo governo, que a direita se vai desde já posicionado para fazer pagar a crise pelos mesmos do costume.
Ainda ontem, nas jornadas parlamentares do CDS, um dos agentes do grande capital nacional – Lobo Xavier – foi explicar aos militantes do seu partido que, imediatamente após as eleições, deveria haver uma subida generalizada de impostos para todos – ou seja, para quem trabalha por conta de outrem. E dentro desta mesma linha defendeu a manutenção dos altíssimos rendimentos para gestores e executivos de todos os matizes, que, nos últimos anos, como se sabe, se têm dedicado a uma verdadeira acção de rapina com a complacência, se não mesmo com a cumplicidade dos governos. Teve mesmo o desplante de afirmar que qualquer medida contra estes predadores só poderia ser encarada como actividade circense.
Finalmente, outra linha de ataque da direita, agora que já não teme as consequências da crise, é desligar a sua génese da responsabilidade do grande capital ou do capital financeiro. Tudo não passou de alguns comportamentos imorais ou da acção de alguns ladrões que se intrometeram no meio de “gente séria”.
Se o PS fosse um partido com uma política de centro – não era necessário mais – daria a esta e a outras teorizações que por ai já andam a fazer caminho a resposta devida no plano governativo, sem esperar pelo que venha de Bruxelas (que, como Godot, nunca chegará). Mas o PS nada fará. O PS continuará a não taxar os altos rendimentos com aquela “talhada” fiscal que eles mereciam, continuará a salvar bancos falidos à custa do contribuinte, continuará a privatizar e a entregar ao grande capital enormes fatias do rendimento nacional, continuará a resolver a crise pelo lado da oferta, continuará a fazer parcerias ruinosas para o interesse público e tudo o mais que se tem visto. Por isso, convém-lhe aquela conversa, que se começa a espalhar pelos media, para depois dizer que actuar de outro modo seria irresponsável e, além do mais, contrário à vontade popular.
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