O Governo tomou um conjunto de medidas destinadas a combater a crise financeira orientadas a dois objectivos: impedir a falência do sistema bancário e favorecer o crédito. Ainda é cedo para avaliar com rigor os efeitos de tais medidas, tanto mais que só muito moderadamente os bancos têm recorrido aos instrumentos que o Governo pôs à sua disposição para aquele efeito, mas o que já se está a passar levanta as mais sérias reservas acerca do modo como esta política está a ser conduzida.
Com excepção das grandes intervenções no BPN e no BPP, onde entrou dinheiro fresco, directa ou indirectamente proveniente dos cofres do Estado, as demais intervenções traduziram-se na concessão de garantias pessoais concedidas pelo Estado para facilitar a contracção de empréstimos no mercado interbancário.
Se as intervenções directas no BPN e no BPP, embora levadas a cabo de forma diferente, são altamente contestáveis porque nem a natureza nem a dimensão dos bancos em questão justificavam um tão intenso empenhamento do Estado, já as demais intervenções nos restantes bancos ou se revelaram insuficientes para atingir o fim em vista, como aconteceu com a Caixa, que apesar do aval do Estado não conseguiu no mercado internacional o empréstimo que pretendia, obrigando o Estado a um aumento do capital social de dois mil milhões de euros, ou, quando esse objectivo foi atingido, ficou por concretizar o fim que justificou a adopção desta medida: a concessão de crédito às empresas.
Hoje, começa a ser claro para todos que se os bancos não emprestam isso se não deve a um qualquer maquiavélico capricho dos banqueiros, mas a uma total falta de confiança no que vem a seguir. Os bancos emprestam para que o capital lhes seja devolvido com juros. Se, porém, o seu receio quanto ao futuro é total e ainda por cima estão eles próprios super endividados o mais natural é que se retraiam.
É neste específico contexto que a dualidade de critérios que tende a impor-se na banca portuguesa, onde há um banco público forte e vários bancos privados, é altamente perigosa para o interesse público. Sendo a Caixa Geral de Depósitos pressionada a emprestar, quer no quadro interbancário, quer no crédito empresarial, e a emprestar em sectores de actividade e em condições muito diferentes das que normalmente o faria, para suprir o vazio deixado pelos demais bancos, o governo corre o risco de exaurir a Caixa Geral de Depósitos e de a expor a um risco quer se pode tornar funesto para milhões de portugueses.
Já está provado, apesar de a procissão ainda ir no adro, que as intervenções pela via dos avales não resolvem qualquer problema e só agravam a prazo a situação dos portugueses. Se o Estado quer mesmo que os bancos emprestem dinheiro o que deve fazer é participar no seu capital social com acções preferenciais e participar na sua gestão como já se fez noutros países em crises bem menos graves. Neste momento, os bancos não têm alternativa: têm de aceitar. Mas se perceberem, e já perceberam, que podem parasitar a Caixa, directa ou indirectamente, manter-se-ão na retranca, expondo-se o menos possível.
Será possível que o Governo não veja isto?
Com excepção das grandes intervenções no BPN e no BPP, onde entrou dinheiro fresco, directa ou indirectamente proveniente dos cofres do Estado, as demais intervenções traduziram-se na concessão de garantias pessoais concedidas pelo Estado para facilitar a contracção de empréstimos no mercado interbancário.
Se as intervenções directas no BPN e no BPP, embora levadas a cabo de forma diferente, são altamente contestáveis porque nem a natureza nem a dimensão dos bancos em questão justificavam um tão intenso empenhamento do Estado, já as demais intervenções nos restantes bancos ou se revelaram insuficientes para atingir o fim em vista, como aconteceu com a Caixa, que apesar do aval do Estado não conseguiu no mercado internacional o empréstimo que pretendia, obrigando o Estado a um aumento do capital social de dois mil milhões de euros, ou, quando esse objectivo foi atingido, ficou por concretizar o fim que justificou a adopção desta medida: a concessão de crédito às empresas.
Hoje, começa a ser claro para todos que se os bancos não emprestam isso se não deve a um qualquer maquiavélico capricho dos banqueiros, mas a uma total falta de confiança no que vem a seguir. Os bancos emprestam para que o capital lhes seja devolvido com juros. Se, porém, o seu receio quanto ao futuro é total e ainda por cima estão eles próprios super endividados o mais natural é que se retraiam.
É neste específico contexto que a dualidade de critérios que tende a impor-se na banca portuguesa, onde há um banco público forte e vários bancos privados, é altamente perigosa para o interesse público. Sendo a Caixa Geral de Depósitos pressionada a emprestar, quer no quadro interbancário, quer no crédito empresarial, e a emprestar em sectores de actividade e em condições muito diferentes das que normalmente o faria, para suprir o vazio deixado pelos demais bancos, o governo corre o risco de exaurir a Caixa Geral de Depósitos e de a expor a um risco quer se pode tornar funesto para milhões de portugueses.
Já está provado, apesar de a procissão ainda ir no adro, que as intervenções pela via dos avales não resolvem qualquer problema e só agravam a prazo a situação dos portugueses. Se o Estado quer mesmo que os bancos emprestem dinheiro o que deve fazer é participar no seu capital social com acções preferenciais e participar na sua gestão como já se fez noutros países em crises bem menos graves. Neste momento, os bancos não têm alternativa: têm de aceitar. Mas se perceberem, e já perceberam, que podem parasitar a Caixa, directa ou indirectamente, manter-se-ão na retranca, expondo-se o menos possível.
Será possível que o Governo não veja isto?
1 comentário:
Com as injecções de dinheiro que, através do Governo, todos nós, contribuintes portugueses, temos 'metido' nos bancos já falidos ou a falir, isso dá-nos direito a sermos deles proprietários.
NACIONALIZAÇÕES, POIS.
VOLTA VASCO GONÇALVES, QUE ESTÁS PERDOADO ...
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