OU A CRISE DE UMA DIREITA QUE NÃO ACERTA COM O RUMO
A entrevista de Pacheco Pereira ao Público/Rádio Renascença/RTP2 não nos traz nada de novo. O mesmo sectarismo de sempre, os mesmos ódios e os mesmos amores.
Como Pacheco Pereira está muito embrenhado na campanha anti-governo não lhe sobeja muita lucidez para analisar o efeito Alegre sobre o PS. Qualquer que seja ou venha a ser a acção de Alegre - ficar no partido (a mais provável), criar um partido (quase improvável) ou juntar-se ao Bloco num qualquer tipo de coligação permitido por lei (hipótese insusceptível de avaliação neste momento) – os seus efeitos sobre o PS serão diminutos nas legislativas, supondo relativamente semelhante à de hoje a situação económico-social por altura das eleições.
Todavia, se a crise económica se acentuar dramaticamente em 2009 ninguém está em condições, neste momento, de fazer previsões. Tudo pode acontecer. Até o que não se espera. Evidentemente, que o governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para, até às eleições, atenuar os efeitos da crise. Mas há efeitos que o governo não pode de todo evitar, como um aumento considerável do desemprego no sector privado, e há efeitos que tenderão a verificar-se mal grado a actuação do governo, por manifesto erro de algumas das suas políticas económicas.
Depois vem os amores de estimação: dizer que Manuela Ferreira Leite tem qualidades políticas raras releva do surrealismo político. Nada no seu passado político, enquanto governante, nem no seu presente, como dirigente partidária, deixa perceber onde estão essas qualidades políticas raras. Pode a Senhora ser uma pessoa estimável, para quem a conhece na sua vida privada, mas nada do que até hoje fez na vida pública ou até do que mostrou saber lhe confere a atribuição daquelas qualidades.
Finalmente, a análise da figura do Presidente da República é feita em termos que nos fazem lembrar outros tempos. Tempos em que o chefe era o supremo guardião do interesse público. O impoluto e clarividente definidor desse interesse. Pacheco Pereira tem memória curta. Muito curta. As críticas que hoje se podem fazer a este e a outros governos socialistas na condução dos assuntos económicos são exactamente as mesmas que há dez anos se podiam fazer ao cavaquismo. É caso mesmo para perguntar quem leva a melhor nessa disputa…
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