GUANTÁNAMO UMA QUESTÃO DIFÍCIL DA COMUNIDADE INTERNACIONAL?
Por mais longe que a gente esteja e por mais que imagine até onde pode ir o fervor atlantista dos nossos políticos, eles não deixam mesmo assim de nos surpreender.
Luis Amado, que manifestamente está mais empenhado no futuro da relação transatlântica do que em pensar a Europa em função dos seus próprios interesses, revelou-nos hoje que enviou uma carta (mais uma!) aos seus homólogos da União Européia e também ao sempre muito solícito Javier Solana sobre o papel que Europa pode desempenhar no encerramento de Guantánamo, por esta ser uma das questões difíceis com a comunidade internacional se defronta! E, mais do que isso, declara que Portugal está disponível para receber presos de Guantánamo!
Em primeiro lugar, eu pensava – e estou certo de que muita gente pensava o mesmo – que Guantánamo era uma grave questão que os americanos têm de resolver o mais rapidamente possível. Pensava até que nada melhor para testar a nova administração americana sobre questões fundamentais, como o respeito por princípios elementares do direito internacional, do que a celeridade com que ela for capaz de resolver essa grave afronta aos direitos do homem que Guantánamo representa. Admito que os Estados, cujos governos colaboraram com os americanos nesta grave afronta, possam também ter algumas responsabilidades, mas isso somente depois de pronunciados individualmente aqueles membros do governo e da administração que, no exercício de funções, praticaram actos criminalmente puníveis.
Em segundo lugar, a que título e em que condições está Portugal disponível para receber os seqüestrados de Guantánamo? Se os americanos têm problemas jurídicos, eles que os resolvam. Aliás, só por ironia se pode afirmar que os seqüestrados de Guantánamo constituem um problema jurídico!
Em terceiro lugar, esta pressa, este afã de mostrar serviço ao presidente de turno, mesmo antes de ele, como tal, se pronunciar, até seriam ridículos se não fossem reveladores de uma mentalidade que infelizmente ensombra o normal desenvolvimento das relações da Europa com a América.
A União Européia tem problemas graves para resolver no próximo Conselho Europeu: o combate à crise econômica; o futuro do plano Barroso; o desemprego, enfim, o que todos sabemos e Luis Amado, em vez de contribuir para a resolução destes e outros graves problemas com que a UE e os seus Estados membros se defrontam, desde logo o nosso, faz propostas para resolver os problemas dos americanos!
A União Européia tem problemas graves para resolver no próximo Conselho Europeu: o combate à crise econômica; o futuro do plano Barroso; o desemprego, enfim, o que todos sabemos e Luis Amado, em vez de contribuir para a resolução destes e outros graves problemas com que a UE e os seus Estados membros se defrontam, desde logo o nosso, faz propostas para resolver os problemas dos americanos!
A União Europeia com estes políticos não vai longe...
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