quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

OS REMÉDIOS PARA COMBATER A CRISE



DEFENDEM HOJE O QUE ONTEM NEGARAM



Portugal, como todos sabemos, está mergulhado numa grave econômica vai para oito anos. O crescimento tem sido muito baixo ou mesmo nulo. Durante os anos de crise os trabalhadores em geral tem sido fustigados com perdas consecutivas do poder de compra, em conseqüência de uma diminuição progressiva do salário real, com perdas acumuladas significativas.
Principalmente a partir do Governo Barroso, alguns advogaram um aumento do investimento público como meio de superação da crise. Essa política foi terminantemente recusada pelos economistas do governo e pelo próprio Primeiro-Ministro, que, fieis a uma política monetarista, sempre entenderam que não era por essa via que a crise se debelava. O PS, uma vez chegado ao governo, insistiu com mais ênfase na mesma idéia e vendeu aos portugueses a ilusão de que uma vez equilibradas as contas públicas, de acordo com a ortodoxia do Pacto de Estabilidade e Crescimento, uma nova era de crescimento e prosperidade se abria para todos.
Quando as contas estavam razoavelmente equilibradas à custa de uma tributação elevada sobre o consumo e os rendimentos do trabalho e de uma compressão dos salários mais baixos e numerosos, uma grave crise financeira deflagrou na América, que rapidamente se estendeu a uma parte significativa da Europa sob a forma de crise econômica em que, entretanto, se transmutara. Perante o grave cenário de recessão que ameaça estender-se a todo mundo, embora as receitas nos países afectados divirjam, muitos continuam a entender que as velhas receitas keynesianas constituem o remédio mais adequado para a combater.
Paul Krugman repete em artigos de jornal, o que já defendia nos seus manuais de economia, ou seja, que as hesitações de Roosevelt, no final do primeiro mandato (1936), sobre o investimento público e a sua preocupação com o equilíbrio orçamental, iam deitando a perder todo o esforço anteriormente feito para combater a crise, não fora, pouco depois, o relançamento da economia proporcionado pela guerra.
Hoje não falta nas hostes do PS quem defenda um aumento do investimento público. Mas é caso para perguntar: o que mudou assim tão significativamente entre nós para que agora passasse a ser bom o que antes era mau? Desprezando durante anos uma política de crescimento, mesmo que conseguida à custa de algum défice e de alguma inflação, o governo infligiu à maioria da população um enorme e inútil sacrifício. Actuando sempre na pressuposição de que no longo prazo emergiriam as vantagens da sua política, o Governo, agora tão keynesiano, esqueceu-se que uma das mais importantes contribuições teóricas de Keynes relativamente aos economistas clássicos foi a importância dada ao curto prazo. Tanto mais que, a longo prazo estaremos todos mortos...

Sem comentários: