sábado, 20 de junho de 2009

OS NOSSOS ECONOMISTAS NÃO SE MANCAM

O MANIFESTO DOS ECONOMISTAS

Se há, em Portugal, classe profissional que menos tem contribuído para o bem comum e mais vantagens tem tirado da profissão que desempenha, essa classe é a dos economistas. Os economistas têm sido nestas últimas décadas os pontífices que todos escutam e a que todos recorrem para saber “o que fazer”. Eles intervêm em todos os domínios e opinam sobre todas as matérias depois de instalada a ideia de que todos os assuntos – todos! - são, em última instância, económicos.
O resultado desta tacanhez de espírito está vista, no plano mundial. Eles lançaram o mundo numa das maiores crises dos tempos modernos, com tudo o que isso tem de desumano para que tem de sofrer em primeira linha as suas consequências. Essa visão economicista do mundo, aliada a uma idolatria do mercado, não trouxe prosperidade, nem felicidade à maior parte. Trouxe angústia, dívidas (muitas dívidas!) e desemprego. E permitiu “roubalheiras” sem conta por todo o lado: legais e ilegais. Consequência: os gigantescos ”buracos” deixados pela sua acção política vão ter que ser “tapados”, por muitos anos, com o dinheiro dos contribuintes, como sempre com o sacrifício dos mais numerosos e de menores recursos.
Mas, se é assim um pouco por todo o lado, em Portugal, acresce a tudo isto, o facto de essa governação económica da política ter tido os piores resultados. No quadro da União Europeia, Portugal ostenta infelizmente os piores índices em muitas das matérias que têm a ver com o bem-estar das pessoas e caminha, cada ano que passa, para uma situação pior do que a do anterior. Há erros gravíssimos em todos os domínios, com graves reflexos na situação geral das pessoas, e há erros de política económica só possíveis pela incompetência dos economistas que, directa ou indirectamente, nos tem governado. Normalmente são incultos, conhecem umas tretas da vulgata económica (uma espécie de Politzer do neoliberalismo), são filosoficamente analfabetos, desconhecem as ciências sociais, desprezam o método científico e encaram a economia como uma ideologia. Por isso, não estão capacitados para compreender o presente. Para o analisar. E ainda se atrevem a prever o futuro. No qual evidentemente nunca acertam!
Agora, uma legião deles, que vai dos “idiotas úteis” até aos reaccionários de sempre, passando por ex-vanguardistas da revolução proletária, vem dizer-nos, na esteira de Cavaco e de Ferreira Leite, que o Estado não deve investir. Obviamente, que não está em causa a análise ponderada de certos investimentos, sem justificação político-económica, como o novo aeroporto de Lisboa. O que está em causa é a competência desses senhores para se pronunciarem sobre o que interessa ou não interessa à comunidade. De facto, eles não enxergam a inconveniência ou impropriedade do seu próprio comportamento, ou seja, não se mancam!

2 comentários:

Ana Paula Fitas disse...

O Politeia foi premiado... ver no A Nossa Candeia!... entretanto, agora, vou fazer link deste texto... e não, a roda dos pézinhos descalços não foi uma despedida... foi uma espécie de reforço simbólico de união de pensadores, se assim posso dizer... mas, meu bom amigo, foi tocante a pergunta que deixou perante a hipótese de ser uma despedida... às vezes, há pequenas coisas que tocam fundo... guardarei essa memória! Obrigado! Um Grande Abraço.

Anónimo disse...

Por que não publicam os 28 economistas, em anexo, a folha dos seus vencimentos e reformas para todos ficarmos a saber como eles se preocupam com o interesse nacional?