sexta-feira, 19 de junho de 2009

BARROSO COMOVIDO


MAS NADA ESTÁ RESOLVIDO


Ao jantar, o Conselho Europeu concedeu a Barroso o apoio político unânime para um segundo mandato. Entendamo-nos, em linguagem comunitária, isto quer dizer que ninguém se opôs à continuação de Barroso como Presidente da Comissão e que todos os Estados lhe concederam apoio para continuar no cargo. Não houve, obviamente, qualquer votação. Portanto, Barroso não foi juridicamente designado pelo Conselho para Presidente da Comissão e, enquanto não for, não poderá submeter-se ao voto parlamentar.
Aparentemente, Barroso está hoje mais próximo de ser Presidente da Comissão do estava ontem de manhã. Mas só aparentemente. Os imbróglios na União Europeia estão longe de estar resolvidos. A Irlanda continua a exigir um Protocolo juridicamente vinculante (isto é, ratificado por todos os Estados-membros) que integre as garantias por ela consideradas necessárias para assegurar a vitória do sim no novo referendo, enquanto a maior parte dos Estados apenas está na disposição de elaborar um protocolo com mero valor político. Outros ainda, como o Presidente da República Checa, para tornar as coisas mais difíceis, entendem que se as garantias são concedidas por via de protocolo, é necessário que elas sejam ratificadas por todos. Enquanto isto, a designação do Presidente da Comissão terá de fazer-se pelo Tratado de Nice. Paralelamente, os socialistas e os verdes, pelas vozes de Rasmussen e Cohen Benedit, fazem o possível por evitar a nomeação do português, tendo o "homem do Maio 68" já confidenciado que “Sarkozy não se vai matar por Barroso…”.
Tanto os amigos como os inimigos de Barroso sabem que o jogo ainda não terminou. Uma coisa porém é certa: como não há politicamente, em matéria de construção e gestão europeia, qualquer diferença entre um socialista e Barroso, é preferível, por razões óbvias, que o lugar fique para ele…

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